O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge de Vasconcelos Lima criticou hoje a discrepância entre as projeções da Petrobras de investimento na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a estatal venezuelana Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA). Em palestra para empresários promovida na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), o ministro classificou como “um sério problema” a forte diferença entre as estimativas da estatal para o projeto, que foi inicialmente orçado em US$ 4 bilhões e que, agora, demandará em torno de US$ 12 bilhões. Na análise do ministro, houve um “superfaturamento nas estimativas da obra”.

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Ao ser questionado sobre o assunto, Lima comentou ter achado as projeções “estranhas”. “Não é normal que uma empresa do tamanho da Petrobras faça uma estimativa de uma obra de US$ 4 bilhões e, depois, aumente a estimativa para US$ 12 bilhões”, observou. “É uma coisa que realmente causa estranheza.”

Porém, ele fez questão de observar que sua análise era “como pessoa física” e que o TCU não pode proceder investigações com base apenas em projeções. “É uma estimativa que não tem um reflexo imediato. O que investigamos são os valores reais de cada etapa da obra”, explicou. Entretanto, Lima considerou que a diferença muito pronunciada nas estimativas fará com que o TCU acompanhe com atenção o andamento do empreendimento. “Teremos um cuidado especial com essa obra”, assegurou.

Na semana passada, a Petrobras divulgou comunicado sobre o assunto, esclarecendo que o investimento na refinaria ainda não foi aprovado por sua diretoria. A empresa disse ainda que está trabalhando para reduzir os custos da refinaria. Ex-ministro das Minas e Energia, Lima citou ainda outro empreendimento no setor energético, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no município de Itaboraí (RJ).

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A Petrobras estima investimentos da ordem de US$ 8,3 bilhões no projeto. Segundo ele, o TCU permanece em sua investigação sobre suspeitas de superfaturamento nos custos de terraplenagem da obra. “A obra parou, mas não pedimos a suspensão (das atividades)”, afirmou. O Comperj deve entrar em operação a partir de 2012.