O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, voltou a pedir uma troca da dívida grega, em entrevista publicada hoje pelo jornal alemão Handelsblatt, e reconheceu que não havia motivo para a Europa crer que o novo governo do país teria mais sucesso na implementação de duras reformas que seus antecessores.

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Segundo Varoufakis, o nível nominal da dívida pode continuar inalterado, mas seu patamar real precisa ser diminuído.

“Redução de dívida é palavrão. Eu aprendi isso”, disse o ministro grego ao diário alemão. “Há soluções mais inteligentes. Trocas, por exemplo. Poderíamos trocar parte dos empréstimos que recebemos da EFSF (Linha de Estabilidade Financeira Europeia) por bônus cujos cupons e pagamentos seriam atrelados ao desenvolvimento do PIB”, defendeu Varoufakis, repetindo uma exigência feita pela primeira vez dias após o novo governo grego assumir, no final de janeiro, e repetidamente rechaçada pela Alemanha.

Se a Grécia voltar a crescer e passar por uma reestruturação de dívida “inteligente”, “o problema da dívida poderia ser resolvido…sem mudar seu nível nominal”, disse Varoufakis.

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Em troca, a Grécia estaria disposta a implementar reformas “dolorosas” e se comprometeria a não mais apresentar déficits primários, afirmou o ministro. Ele reconheceu, no entanto, que seria difícil combater a corrupção e a sonegação fiscal.

Ao ser perguntado o que lhe faz ter certeza de que será bem-sucedido em algo no qual governos anteriores falharam, Varoufakis foi franco: “Nada, não tenho certeza, é a primeira vez que faço esse trabalho.”

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Varoufakis também falou sobre preocupações de que os termos do acordo com credores europeus que permitiu a extensão do atual programa de ajuda da Grécia, por mais quatro meses, foram deliberadamente vagos.

“Se você está tentando fechar um acordo como esse, é bom não usar frases que gerem discordância. É melhor usar as que deixam espaço para interpretações”, disse.

Varoufakis, no entanto, insistiu que sua interpretação para a meta do superávit primário é a correta, argumentando que o acordo permite que a Grécia não cumpra o objetivo de 4,5% do PIB, embora o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, pareça ter a opinião oposta.

“Não há meta concreta”, disse Varoufakis. “O acordo fala em orçamento primário ‘apropriado’ nos anos que vierem após 2015…4,5% pode ser ‘apropriado’ ou 6%, 3% ou 1%. Isso depende do desenvolvimento de nossa economia.”

De acordo com Varoufakis, os próximos pagamentos da Grécia para o Fundo Monetário Internacional (FMI), em março e abril, deverão ser feitos com ganhos de taxas de juros, no valor de 1,9 bilhão de euros, que o Banco Central Europeu (BCE) deve a Atenas.

Varoufakis disse ainda esperar que chegará a “uma solução” com a troica – formada pelo BCE, pelo FMI e pela Comissão Europeia – nas duas próximas semanas que permitam à Grécia fazer pagamentos de 2,5 bilhões de euros neste mês.

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sugeriu que tranches pendentes de empréstimos podem ser liberadas à Grécia antes que um acordo final seja fechado no fim de abril se Atenas der início a reformas. Fonte: Market News International.