O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, apontou a eleição e a crise hídrica de São Paulo como os principais responsáveis pelo resultado negativo na geração de empregos no Brasil em outubro. De acordo com ele, a campanha eleitoral “muito renhida” e os problemas causados pela seca, que inibiram investimentos e consumo no País, responderam por “boa parte” do saldo negativo de 30.283 postos de trabalho, o pior resultado para outubro da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1999.
“Como tivemos um debate muito renhido na campanha eleitoral, muita gente deixou de fazer investimentos para esperar passar as eleições para ver como ficava”, argumentou Dias. “A seca também teve papel importante nesses dados, o que pode ser percebido pelo desempenho de São Paulo na pesquisa. Sozinho, o Estado teve redução de mais de 20 mil (21.886) postos de trabalho, dos 30 mil de todo o levantamento.” O ministro citou também a crise econômica internacional.
Apesar das justificativas, Dias se disse “surpreso” com o resultado negativo – o mercado financeiro previa crescimento de 56.250 vagas no indicador. De acordo com ele, o governo esperava que as reduções causadas pelos fatores citados fossem compensadas pelas contratações temporárias, comuns no fim de ano. “As demissões foram feitas, mas as contratações acabaram ficando para depois”, argumentou. “Esperamos que no mês que vem sejamos contemplados com os contratos de trabalho temporário.”
Dias admitiu que o governo pode não alcançar a meta de criação de postos de trabalho prevista para este ano, de 1 milhão de empregos, mas disse não estar preocupado com uma possível onda de demissões. “A economia mundial não se recuperou como se esperava, mas seguramente vamos nos recuperar, o governo não vai abrir mão de dar prioridade a ações e medidas que garantam a geração de empregos e a valorização dos salários”, disse.
O ministro ressaltou que, apesar do resultado de outubro, o saldo do mercado formal de trabalho em 2014 segue positivo, com 912.287 empregos gerados. “Seguimos em situação de pleno emprego no País, não podemos projetar a criação de 200 mil postos, porque não teríamos mão de obra para ocupá-los.”
O anúncio dos dados do Caged foi feito em Salvador, onde Dias participou da abertura da 93ª reunião do Fórum Nacional dos Secretários de Trabalho (Fonset). De acordo com ele, a opção por escolher a capital baiana para fazer o anúncio foi “também uma forma de homenagear o Nordeste”, que vem apresentando saldos de criação de postos de trabalho superiores à média nacional “desde meados do ano passado”. A Bahia, porém, foi o terceiro Estado que mais perdeu empregos em outubro no País, com 6.207 postos a menos, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais (8.331 empregos a menos).