Ministro alemão discute agenda do G-20 com Palocci

Brasília – A redução das barreiras ao comércio internacional e dos subsídios à agricultura será um dos temas centrais da pauta do G-20 neste ano. “Do nosso ponto de vista, a liberalização no comércio internacional é uma pré-condição para a melhoria da situação econômica dos países do terceiro mundo”, disse o ministro da Fazenda da Alemanha, Hans Eichel, depois de uma reunião de cerca de duas horas com seu colega brasileiro, Antônio Palocci. “Chegamos a um consenso no sentido de colocarmos dentro do G-20 um acento muito forte na necessidade de manter e incrementar a liberdade de comércio e diminuir os subsídios na área agrária.”

O G-20 é um grupo que reúne 19 países em desenvolvimento e ricos, a União Européia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, funcionando como uma rede informal de autoridades econômicas para prevenir crises financeiras. A Alemanha preside o G-20 este ano e, nessa condição, Eichel iniciou uma agenda de aproximação com as economias emergentes integrantes do grupo. Depois de se encontrar com Palocci, ele foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além da liberalização do comércio internacional, os dois ministros concordaram sobre a necessidade de adotar um código de conduta para a renegociação da dívida soberana de países em crise. Outro tema tratado na reunião foi o aumento dos investimentos alemães no Brasil. Eichel concordou com Palocci que, embora as empresas alemãs estejam representadas no País, é preciso ampliar sua presença. “Não posso comandar a vinda de empresas alemãs, mas vamos incentivar”, prometeu.

Eles também falaram sobre a necessidade de criar regras contra fraudes financeiras internacionais, financiamento ao terrorismo e lavagem de dinheiro, além de coibir a ação dos paraísos fiscais. Os dois ministros também concordaram que devem pressionar juntos pela adoção do Protocolo de Kyoto, que busca controlar a emissão de gases poluentes. “O tema tem grande interesse por parte do governo brasileiro e historicamente temos encontrado no governo alemão um parceiro extremamente importante”, comentou Palocci.

Segundo Eichel, um maior acesso dos bens produzidos por economias emergentes ao mercado mundial é uma das formas de atingir os objetivos do G-20, que são a estabilidade do sistema financeiro internacional e a redução dos desequilíbrios entre as economias. Há, porém, um longo caminho até se atingir esse ponto e tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos têm contribuições a dar.

Ele disse que os Estados Unidos devem reduzir seu déficit orçamentário “de uma forma plausível a médio prazo e aumentando a taxa privada de poupança interna.” A Ásia, principalmente a China, acredita ele, poderia contribuir adotando uma política de juros mais flexível. Já a Europa poderia aumentar suas chances de crescimento econômico com a promoção de reformas estruturais em sua economia. “Países emergentes deveriam contribuir fazendo suas próprias reformas estruturais e criando condições para garantir o tratamento sustentado do seu endividamento. Nesse sentido, o Brasil está num bom caminho”, comentou Eichel.

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