O Ministério da Agricultura espera receber nesta quinta-feira o parecer da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), sobre o suposto caso atípico da encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como mal da vaca louca, em um animal que estava pronto para abate no frigorífico da JBS-Friboi em São José dos Quatro Marcos, no sudoeste de Mato Grosso.
A identificação do animal doente levou a Agricultura a determinar o abate, no sábado, de outros 49 animais que tiveram contato com o bovino suspeito e estavam confinados separadamente desde 19 de março.
O ministério espera que o organismo internacional apresente laudo na madrugada desta quinta-feira por causa do fuso horário em relação à Inglaterra, onde está sendo produzido. A expectativa é que os exames na rede estatal Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros) sejam confirmados pela OIE, conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
A classificação do caso como atípico ocorre porque o animal não desenvolveu a doença da vaca louca nem morreu em consequência dela. A marcação priônica (falha em partículas de proteínas importantes para o desenvolvimento dos neurônios) se desenvolveu por causa da idade animal – ela ocorre normalmente em bovinos acima de dez anos, por causa do envelhecimento das células do animal.
O caso clássico da doença ocorre em rebanhos mais novos, de até 7 anos. Nesses casos, a enfermidade pode ser causada pela alimentação com farinha de osso e carne. No Brasil, é proibido usar esse tipo de suplemento, o que ajudou o País a conseguir o nível de “risco insignificante” de doenças sanitárias conferido pela OIE.
Inspeção
O animal, uma vaca nelore de 12 anos, foi encaminhado para o frigorífico pela Fazenda Talismã, no município vizinho de Porto Esperidião, na fronteira com a Bolívia, como informaram ao Broadcast as prefeituras das cidades. O animal estava pronto para abate quando uma equipe de inspeção sanitária do Departamento de Saúde Animal (DSA) do ministério, que fazia uma visita de rotina, constatou que ele estava caído.
O chamado “decúbito forçado” é o estado do bovino caído, que pode ocorrer tanto em função de fraqueza muscular quanto de deficiência na coordenação motora causada por distúrbios neurológicos da encefalopatia. “Quando o fiscal sanitário notou que o animal estava sonolento, cambaleando, ele o retirou (da linha da abate)”, relatou ao Broadcast o prefeito de Porto Esperidião, José Roberto de Oliveira, o Zé do PT.
Em nota divulgada ao mercado, a JBS-Friboi afirmou que o “rígido controle exercido em conjunto com o Ministério da Agricultura” impediu que o animal suspeito chegasse aos consumidores. O documento assinado pelo presidente da empresa, Miguel Gularte, disse que o episódio não deve representar impacto nas exportações ou no mercado interno.