Minerais não-metálicos geram receita

Os minerais não-metálicos – como cimento, cal e calcário – são os mais produzidos no Paraná, segundo levantamento divulgado ontem pela Mineropar, empresa do governo do Estado responsável pelo desenvolvimento das atividades de mineração no Paraná. A produção média anual das 627 empresas mineradoras de não-metálicos no Estado foi de 20,5 milhões de toneladas.

Juntas, essas empresas têm um faturamento médio anual de R$ 185 milhões e abasteceram 2.630 indústrias de transformação que, por sua vez, produziram R$ 2,2 bilhões, ou seja, 8,73% do valor adicionado da indústria paranaense. Os dados estão na conclusão do programa Panorama e Análise da Produção Mineral da Mineropar, recém-realizado e referente ao período de 1995 a 2001.

Construção

Cerca de 90% das empresas mineradoras do Paraná oferecem seus produtos para a construção civil e agricultura. O Estado produz hoje 26 substâncias minerais, com destaque ao calcário (para a produção de cimento), areia e brita (utilizados como agregados), dolomito (destinado à elaboração do corretivo agrícola), cal, argila (para a indústria cerâmica) e cimento, além de água mineral e fluorita.

Na produção de cimento, por exemplo, o Paraná é o terceiro maior produtor e responsável por 11,6% da produção nacional. Os municípios que mais contribuem para a composição do valor da produção mineral paranaense são Campo Largo (20,1%), Rio Branco do Sul (16,3%) e São Mateus do Sul (12,4%). No total, dos 399 municípios existentes no Estado, 33 respondem por 92% do valor da produção mineral do Paraná.

De acordo com o geólogo Marcos Vitor Fabro Dias, responsável pelo projeto de Economia Mineral da Mineropar, o Paraná é auto-suficiente na produção de bens minerais não-metálicos, posição que favorece os setores de construção civil e agricultura. Além disso, também exporta para outros estados.

Dos 4 milhões de toneladas produzidos pela indústria cimenteira, 2 milhões de toneladas são exportados. Já dos 3 milhões de toneladas de corretivo agrícola produzido no Paraná, cerca de um terço é destinado aos estados vizinhos de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Petroquímico

Diferente dos minerais não-metálicos, outros segmentos industriais como o petroquímico – petróleo, gás e óleo de xisto – correspondem a um menor volume de produção, 500 mil toneladas ao ano entre 1995 e 2001, mas em compensação geram maior faturamento – R$ 195 milhões ao ano -, com arrecadação média de R$ 3,9 milhões/ano em royalties.

Na indústria de transformação, esses bens minerais energéticos contribuíram com 1,3 bilhão, somente em ICMS, referentes ao processamento de petróleo na refinaria da Petrobrás, em Araucária e na industrialização do xisto (folhelho pirobetuminoso), em São Mateus do Sul.

Segundo Marcos Fabro, vale destacar também a produção de água subterrânea para o abastecimento público e que não foi incluído no estudo da empresa. Somente a Sanepar extrai cerca de 100 milhões de toneladas/ano de água subterrânea. "Em termos de quantidade minerada, podemos dizer que a Sanepar é a maior mineradora paranaense", afirma Fabro.

Indústria quer financiamentos

O secretário executivo da Associação Paranaense dos Produtores de Cal, Fábio Pini, e o diretor presidente da Minerais do Paraná S.A. (Mineropar), Eduardo Salamuni, se encontraram ontem em Brasília com o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério das Minas e Energia, Giles Carriconde Azevedo. Eles apresentaram o projeto de estruturação e implantação de desenvolvimento tecnológico do Arranjo Produtivo Local (APL) das indústrias de cal e calcário do Estado do Paraná, com o intuito de conseguir um financiamento de 1,4 milhão do governo federal.

O documento começou a ser feito em 2004 e uniu demandas do setor público e privado. Ele contempla, entre outros, projetos para o desenvolvimento e criação de sistemas de qualidade, construção de centros de informação e a implantação de escolas técnicas para este segmento da indústria paranaense. O Estado é hoje o segundo maior produtor nacional de calcário e cal e o primeiro de cal virgem.

"As pessoas ligadas à Secretaria ficaram impressionadas com o projeto. Agora, precisamos fazer a lição de casa. O pessoal de Brasília pediu que as entidades envolvidas no projeto apresentem uma contrapartida para o financiamento", explica Pini. Segundo ele, uma nova proposta deve ser enviada a Brasília, hoje. A Secretaria vota amanhã os projetos para os quais vão ser liberados recursos. "Estamos otimistas. Acredito que seremos aprovados", afirma o secretário.

Ele conta que esse financiamento é apenas o básico para se começar a pôr em prática os projetos do APL. "Outros meios de financiamento devem vir do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE)." Do montante inicial, R$ 500 mil devem ser destinados ao Comitê Mineral e R$ 900 mil ao Comitê de Agropecuária. (Diogo Dreyer)

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