Em nenhuma eleição anterior se falou tanto em geração de empregos como na atual. No Brasil e no Paraná, a maioria dos candidatos definiu como prioridade a criação de postos de trabalho, apostando no incentivo às micro e pequenas empresas. Os dois candidatos que disputam o governo paranaense, não fugiram à regra. Tanto um como outro falaram em incentivo aos pequenos.
A expectativa do pequeno empresariado é que o incentivo saia do papel e se transforme em ações concretas dos governos. Duas das principais entidades de apoio aos microempresários, a Associação Comercial do Paraná (ACP) e o Serviço de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) promoveram encontros e apresentaram propostas aos candidatos. “Conversamos com os candidatos e eles sabem das nossas necessidades”, afirma Marcos Domakoski, presidente da ACP. “Entre o discurso e prática há uma grande diferença. Tomara que o próximo governador e o próximo presidente saibam encurtar essa diferença”, diz Hélio Cadore, diretor-superintendente do Sebrae. A preocupação e a expectativa das entidades tem motivo. Dados do Ministério do Trabalho indicam que nos últimos cinco anos, mais de 90% dos empregos criados vieram das pequenas e microempresas.
Mesmo assim, ainda são elas as mais prejudicadas com a alta carga tributária do País, a falta de política de financiamento público, a atrasada legislação trabalhista e a burocracia que emperra o nascimento de novos projetos tanto no níveis federal, como no estadual e municipal.
Hoje, para se abrir um negócio em Curitiba, são necessário documentos da Receita Estadual, Receita Federal, autorização da Junta Comercial, alvará da prefeitura e, em determinados casos, autorizações das secretarias de meio-ambiente e de obras. As iniciativas para facilitar a vida dos empreendedores, por enquanto, surgem do próprio mercado. Como o “Fácil” do Sebrae que disponibiliza em um único espaço físico, todas as instâncias necessárias para abertura do negócio. “É trazer os documentos e voltar em 30 dias para pegar o alvará”, explica Cadore que dá a receita para os eleitos. “Se eles olhassem um pouco para o que fazemos. Não tem segredo”.
Governo é “sócio” indigesto
“O micro e pequeno empresário não sabe, mas tem um sócio”. Quem faz a afirmação é o proprietário da BID Informática, Otávio Antunes. O sócio a que ele se refere é o governo, estadual e federal. “Que não incentiva, que não financia, que não trabalha junto de madrugada, mas que leva parte de nosso lucro no final do mês”. Otávio sabe bem do que fala. A partir da experiência adquirida no desenvolvimento de softwares para imobiliárias, ele decidiu criar seu próprio negócio em Pelotas, no Rio Grande do Sul. “Foi bem na coragem. Informática ainda era mistério naquela época”, explica o empresário que abriu a BID com sua esposa.
Antunes decidiu vir para Curitiba atrás de um mercado mais promissor. A mudança deu certo. A BID aumentou de tamanho, ganhou novos clientes e se especializou em soluções para a internet no ramo imobiliário. Apesar de ter perdido importantes negócios nesse ano, devido a uma retração no mercado, Antunes diz que gostaria de ampliar os negócios. “Estamos com quatro funcionários. Gostaria de contratar mais, pagar mais. Ampliar serviço. Mas do jeito que está não dá”, finaliza.