México será convidado para o Mercosul

O chanceler mexicano Luis Derbez vai participar da Cúpula dos presidentes do Mercosul, a ser realizada no próximo dia 6 de dezembro, em Montevidéu, em resposta ao convite feito pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, para que o México se associe ao bloco regional. Apesar da clara posição do governo mexicano em favor da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e de sua associação com o Nafta, o bloco que reúne ainda Estados Unidos, e Canadá, o convite de Vázquez visa aproximar o México do Mercosul. O status ao México seria o mesmo dado à Bolívia, ao Chile, à Colômbia e ao Peru, ou seja, de país associado, e não sócio pleno.

Como presidente pro tempore do Mercosul, Vázquez também convidou o presidente mexicano, Vicente Fox, para participar da reunião de cúpula. No entanto, segundo fonte governamental ao jornal El Cronista, Fox ainda não respondeu ao convite.

Estima-se que o mesmo poderia ter declinado, devido a sua relação com Chávez (o presidente da Venezuela, Hugo Chávez) não anda em seu melhor momento.

Chávez é uma presença confirmada para a Cúpula, já que os presidentes deverão aprovar a incorporação da Venezuela como sócio pleno do Mercosul, o que daria início ao processo de adaptação das normas da união aduaneira, conforme explicou a fonte diplomática.

Entre os diplomatas do Uruguai e da Argentina existe a expectativa de que as diferenças entre Fox e Chávez sejam limadas durante a cúpula, caso o presidente Fox decida comparecer ao encontro.

Kirchner quer ex-vice no comando do bloco

O presidente Néstor Kirchner pretende colocar o ex-vice-presidente Carlos ?Chacho? Álvarez no comando do Mercosul. A idéia, segundo fontes diplomáticas argentinas citadas ontem pela agência estatal de notícias Télam, é que o ex-vice do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001) seja o sucessor de Eduardo Duhalde no posto de presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul. Segundo as fontes, a candidatura de Álvarez seria do agrado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria ?muito satisfeito? com essa proposta. Meses atrás especulava-se que o posto seria ocupado por um brasileiro.

Entre os nomes especulados estava o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo a Télam, atualmente, entre os países do bloco do Cone Sul circula o nome de Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Lula para Assuntos Internacionais – de fluida circulação nos países da região – que contaria com consenso. Outro nome citado é o do embaixador Bernardo Pericás, atual representante da delegação do Brasil na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). No entanto, do lado do governo Lula existiria a determinação de não assumir esse cargo por ?questões internas?.

O tempo para tomar uma decisão é curto, já que o mandato de Duhalde – há meses em confronto com Kirchner – conclui no dia 8 de dezembro.

Álvarez já foi sondado no passado para ser chanceler, embaixador no Uruguai e no México, e até foi um nome especulado para ocupar o comando da Comissão Econômica para América Latina (Cepal).

Duhalde, ex-presidente provisório da Argentina entre janeiro de 2002 e maio de 2003, poderia aspirar a mais um ano de mandato na presidência da Comissão do Mercosul, já que conta com a simpatia do presidente Lula. No entanto, suas relações com Kirchner estão estremecidas, desde que disputou o poder da província de Buenos Aires nas recentes eleições parlamentares. Derrotado, o poder de Duhalde começou a drenar velozmente. A perda para Duhalde, da presidência do Mercosul, implica em mais uma vitória para Kirchner.

Renunciante

Álvarez ficou conhecido a partir de 1989, quando fundou a Frente Grande, embrião daquilo que poucos anos depois se transformaria na Frepaso, que ao longo dos anos 90 foi a terceira força política do país, atrás do Partido Justicialista (Peronista) e da União Cívica Radical (UCR). Em 1999, no ápice de sua influência, foi cotado para ser candidato a presidente em uma coalizão de seu partido com a UCR. No entanto, preferiu ocupar a vice-presidência.

Em setembro de 2001 renunciou, após ter tentado esclarecer, infrutiferamente, um escândalo que envolvia o então presidente De la Rúa com subornos pagos a senadores. ?Chacho? desapontou seus seguidores ao renunciar sem ir até as últimas conseqüências do caso.

Desde que deixou a vice-presidência, sua influência esvaiu-se rapidamente. Sem sua presença, a Frepaso desintegrou-se. Atualmente, apenas dois deputados podem ser considerados ?frepasistas? no Parlamento. Nos últimos quatro anos, recluiu-se aparecendo somente para dar aulas em universidades e realizar ocasionais conferências.

Uma pesquisa realizada ontem pelo site do jornal econômico ?Infobae? indicou que 83,97% dos internautas consideram que Álvarez não deveria retornar às funções públicas. Apenas 14,81% concordam com o retorno de ?Chacho?.

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