O México anuncia neta quarta-feira, 15, o resultado do mais aguardado leilão de concessões de áreas de exploração de petróleo pela indústria – a primeira rodada aberta em quase 80 anos. Com modelo regulatório flexível, gradativa exigência de conteúdo local, custo de produção mais baixo e localização estratégica, a rodada desbancou o Brasil e as áreas do pré-sal como principal aposta da indústria. A concorrência traz apreensão às empresas do setor, que temem perder investimentos.

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“Há quatro anos, e só se falava de Brasil. Há um ano, não se falava mais, só de México. De repente, para grandes operadores, uma parcela representativa do mercado, o Brasil não estava no radar. Deixamos de ser a bola da vez”, avalia o consultor Carlos Assis, da área de óleo e gás da consultoria EY. “Em uma competição pelo capital, pelo apetite de investimento das empresas, isso pode potencialmente tirar investimentos da 13.ª Rodada (de licitações da ANP).”

Na semana passada, a diretora da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard, disse acreditar que “há espaço” para os dois leilões, mesmo em um cenário de cortes nos investimentos das grandes petroleiras. “Eles têm ativos muito diferentes dos nossos. Temos áreas que já têm esforço exploratório e produção real, com portfólio grande de ativos em torno delas”, disse.

Teste

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Com 14 blocos offshore, em águas rasas, o leilão de hoje será um teste da atratividade e da viabilidade do modelo mexicano. Entre as empresas qualificadas estão Total, Chevron, BG, Galp, Exxon e Statoil, entre outras – a Petrobras indicou interesse, mas não chegou a pagar pela inscrição.

A entrada de novas empresas permitirá elevar em até 8% a produção até 2020, segundo estimativas oficiais. Um atrativo é a localização próxima ao mercado americano e ao canal do Panamá, para escoamento no mercado asiático. Também o aspecto geológico é ressaltado, pelas reservas do Golfo do México, referência de qualidade para a cotação internacional. Outros pontos de atratividade são o baixo custo de produção.

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As empresas estudam as duas ofertas a partir de suas estratégias de atuação, mas têm destacado “avanços” no modelo regulatório como o principal diferencial. “O México trabalhou para melhorar seu modelo de contrato, caberia ao Brasil fazer o mesmo exercício para permanecer competitivo”, diz Antonio Guimarães, diretor do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que reúne as empresas que atuam no País.

Negociações

A revisão da legislação no México, formalizada em 2013, abriu às empresas privadas o setor concentrado na estatal Pemex desde 1938. Foram dois anos de negociações lideradas pelo presidente Enrique Piñera Neto, que via oportunidade para modernizar a economia local.

“O objetivo é garantir desenvolvimento econômico e social a partir dos investimentos na indústria mexicana, oferecendo modelos competitivos aos atores nacionais e internacionais”, indicou Gabriela Rojo Chavez, diretora da Comissão Reguladora de Energia do México (CREN), um dos órgãos estatais que planeja o leilão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.