Montagem de veículos: Metalúrgicos
querem projeto integral no Estado.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, manifestou ontem preocupação com a possibilidade da fábrica da Volkswagen/Audi em São José dos Pinhais perder parte da produção do novo veículo da família Polo para a planta da montadora em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A disputa pela versão exportação do novo veículo foi anunciada por metalúrgicos da unidade paulista, mas a empresa negou mudanças nos planos de fabricação do novo carro, com lançamento previsto para 2004.

“Só assinamos o protocolo de intenções com a Volkswagen para que o projeto integral viesse ao Paraná”, reforça Butka. Para vencer a disputa com outras fábricas da Volkswagen no mundo, entre elas a do México, os trabalhadores paranaenses se comprometeram a negociar salário e cláusulas sociais dentro de dois anos, recebendo nesse período a correção da inflação pelo INPC e mantendo a jornada em 42 horas.

Na próxima quarta-feira, Butka e o coordenador da comissão de fábrica da Volks/Audi, Jamil D?Avila, terão uma reunião em São Paulo com o diretor de recursos humanos da VW do Brasil. “Se a empresa confirmar a negociação de parte da produção com o ABC, pediremos a nulidade do acordo e vamos discutir aumento salarial real”, afirma Butka. “O Golf sairá de linha em dois anos. Se o projeto não se viabilizar aqui, pode haver demissões”, acredita.

O Sindicato estima geração de 1.500 empregos com a concretização do projeto no Paraná. Pelas informações do Sindicato, será um carro popular duas portas que custará entre R$ 13 mil e R$ 16 mil. “Quando a produção estiver a pleno vapor, mais da metade será exportada para América Latina e Europa”, revela Butka.

Desmentido

Em comunicado distribuído ontem à imprensa, a Volkswagen do Brasil “confirma que manterá a produção do novo veículo da família Polo na unidade de São José dos Pinhais (PR), conforme acordo assinado com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba em abril deste ano”. A montadora esclarece que a produção do modelo não será alterada, “independentemente da decisão sobre outros projetos nas demais unidades da companhia”.

Lembra que a fábrica do Paraná entrou em férias coletivas no dia 30 de outubro para iniciar as mudanças na linha de produção, a fim de adaptá-la à fabricação do novo modelo. Os 2.600 empregados da Volkswagen/Audi retornam ao trabalho no dia 11. A Volks prevê produzir cerca de 40 mil unidades do novo carro em 2004, sendo 150 por dia. A fabricação de 400 Golf e Audi A3 será mantida, conforme a empresa.

Volks e Volvo dobram exportações

As montadoras instaladas no Paraná estão comemorando a ampliação das exportações. A unidade da Volkswagen, em São José dos Pinhais, atingiu em outubro a produção de 100 mil carros Golf destinados aos Estados Unidos e Canadá. A Volvo, instalada em Curitiba, está dobrando o envio de cabines para sua matriz na Suécia.

O relatório foi apresentado ontem pela Coordenadoria de Assuntos Internacional (CAI) da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo ao governado Jaime Lerner. “É um bom sinal porque, apesar da crise internacional e da retração das vendas no mercado interno, as montadoras paranaenses vêm demonstrando que é possível superar dificuldades”, analisou. As exportações da Volks para o mercado norte-americano e para o Canadá foram iniciadas em 2000. A montadora prevê fechar o ano com a exportação de 138 mil veículos. Somente os Estados Unidos receberão 40 mil unidades do modelo em 2002. Das seis fábricas da VW que produzem o Golf no mundo, a paranaense é a única a vender o modelo para os EUA e Canadá.

Caminhões

Já a Volvo está dobrando a produção e o envio de cabines para a Suécia em função da recuperação do mercado de caminhões na Europa. Trabalhando no limite de sua capacidade instalada, a Volvo sueca não tem conseguido suprir sua linha de montagem com produção própria. Por isso, a subsidiária de Curitiba estará ampliando de 300 para 600 o número de cabines destinadas ao mercado externo por mês.

O novo contrato fará com que a fábrica paranaense da Volvo passe a trabalhar com o maior índice de ocupação desde sua inauguração, em 1977. Segundo a direção da empresa, em 2000 houve um incremento significativo, mas o atual é o maior volume já exportado pela empresa no Brasil.

A fábrica, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, recebeu nos últimos cinco anos investimentos de US$ 55 milhões e se transformou numa das três plataformas globais de produção de cabines da montadora. As outras duas são a da própria Suécia, a maior delas, com capacidade de produção de 240 cabines por dia, e a dos Estados Unidos, agora em terceiro lugar no grupo.

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