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Assembléia da Renault, em São José dos Pinhais: pela manutenção da paralisação. |
Metalúrgicos das montadoras Renault e Volkswagen/Audi, em São José dos Pinhais, e Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), rejeitaram ontem de manhã a nova proposta salarial apresentada pelo Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea). Com isso, a greve chegou ao terceiro dia nas montadoras francesa e alemã e ao segundo dia na fábrica sueca de caminhões e ônibus.
Em sua nova proposta, o Sinfavea elevou o abono de R$ 250,00 para R$ 400,00 e antecipou a incorporação do reajuste salarial de 0,78% de setembro de 2007 para março. A proposta inclui ainda a elevação salarial de 4,19%, que inclui a reposição integral da inflação de 2,85%. A reivindicação inicial da categoria era reposição da inflação e aumento real de 5%, mas a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região (SMC) já sinalizou que 3% seria um índice aceitável. Pela proposta do sindicato patronal, o aumento real é de 2,10%.
De acordo com o vice-presidente do SMC, Nelson Silva de Souza, a rejeição à nova proposta foi por unanimidade, e o sindicato deve partir para a negociação individual. ?Já encaminhamos cartas para negociar com cada empresa?, explicou. Segundo ele, os trabalhadores foram consultados sobre qual seria a melhor proposta, diante do que foi oferecido até agora pelo sindicato patronal.
?Os trabalhadores da Renault e da Volvo disseram concordar com a nova proposta, desde que o abono seja elevado de R$ 400,00 para R$ 500,00 e que as empresas assumam as horas paradas?, afirmou Souza. Ou seja, as montadoras não descontariam os dias não-trabalhados, nem exigiriam a reposição. Já os trabalhadores da Volks, segundo o vice-presidente, disseram que concordam com a proposta e aceitam repor as horas paradas, desde que o abono seja elevado para R$ 700,00. ?Cada montadora tem uma realidade diferente?, afirmou. ?A Volvo, por exemplo, está vendendo barbaridade. A Renault está contratando e com a produção em alta. Já a Volks está enfrentando uma crise em nível mundial, o que acaba repercutindo aqui.?
Para Souza, os acordos fechados em outras montadoras, como na General Motors esta semana – com a elevação salarial de 5,47% mais abono de R$ 700,00 -, mostram que as negociações no Paraná podem avançar. ?Os trabalhadores estão unidos e acreditamos que podemos avançar mais. Não tem como o Paraná pagar o pato de uma negociação feita no ano passado?, afirmou, referindo-se ao acordo entre o Sinfavea e a CUT de que este ano haveria apenas reposição da inflação mais aumento real de 1,3%. A diferença salarial é alvo de críticos. Segundo o SMC, enquanto no Paraná a média salarial dos metalúrgicos é de R$ 1,5 mil, no ABC Paulista é de R$ 2,5 mil.
Conforme o sindicato, cada dia de paralisação está fazendo com que a Volks deixe de produzir cerca de 810 veículos na planta de São José dos Pinhais. Na Renault, são 800 motores e 375 veículos por dia que deixam de ser produzidos, e na Volvo, seis a oito ônibus e 32 a 35 caminhões, também por dia. As três montadoras empregam juntas quase 9 mil metalúrgicos.