O excesso de trabalho na linha de montagem da Renault do Brasil, em São José dos Pinhais, será motivo de uma reunião de negociação, amanhã, entre representantes do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e da empresa. Os sindicalistas alegam que a montadora está produzindo mais com menos gente. A meta de produção na fábrica de veículos de passeio passou de 270/dia, no final do ano passado, para 311 carros, em 2004. De novembro de 2003 a fevereiro deste ano, 480 funcionários foram demitidos em vários setores, sendo cerca de 150 somente na linha de produção, informou uma fonte ligada à montadora. “A empresa está usando contratos de experiência de seis meses e bastantes estagiários”, revelou.
A partir de primeiro de março, a jornada de trabalho foi reduzida de 41 para 40 horas semanais, conforme acordo acertado após a última greve, em abril de 2003. No entanto, a empresa tem utilizado com mais freqüência o expediente aos sábados para compensar a redução na jornada. “As concessionárias e a fábrica estão com pátios vazios. A empresa está aumentando o volume de produção para formar estoque para a operação Portas Abertas (que ainda não tem data definida)”, apontou a fonte. Desta semana até 15 de maio está programado trabalho em sete dos dez sábados. Haverá folgas somente nos dias 20 de março, 10 de abril (Páscoa) e primeiro de maio (Dia do Trabalho).
Na primeira rodada de negociação, realizada na segunda-feira, os metalúrgicos apresentaram três reivindicações: cumprimento do acordo de banco de horas contingencial (apenas para recuperar volumes de produção perdidos em relação às metas), compensação financeira e contratação de pessoal. De acordo com os sindicalistas, em alguns departamentos, já se justificaria a abertura de um segundo turno. No setor de carroceria, onde é feita a soldagem, trabalham cerca de 200 funcionários. Os representantes dos metalúrgicos estimam que poderiam ser contratadas mais 70 pessoas para acompanhar o aumento da produção.
A fábrica de automóveis de passeio da Renault produz os modelos Scénic e Clio (sedan, hatch e duas portas). Segundo apurou O Estado, a elevação no ritmo de produção nesse início de ano também está prejudicando os fornecedores, já que eles não estão sendo avisados com antecedência para fazer hora extra. Procurada pela reportagem, a Renault não comentou o assunto.
Volks diz que vai “fechar” novas vagas
A Volkswagen mundial disse ontem que seus lucros neste primeiro trimestre deverão ser “miseráveis” e anunciou que iria reduzir em 5.000 o número de postos de trabalho até o final de 2005, como parte de um programa de corte de custos que visa poupar 2 bilhões de euros (US$ 2,47 bilhões).
A empresa disse que a redução do número de vagas não será feita com demissões e sim por meio da não-substituição de trabalhadores que se demitam ou se aposentem. O presidente da Volks, Bernd Pischetsrieder, disse que a redução deverá ocorrer fora da produção de veículos e que, só na Alemanha, deverá haver um fechamento de 2.000 a 2.500 postos de trabalho. Na Alemanha se concentra mais da metade dos 335 mil trabalhadores da empresa.
“O primeiro trimestre será miserável em comparação com o mesmo período de um ano atrás”, disse Pischetsrieder na conferência anual de imprensa da Volkswagen em Wolfsburg, cidade onde fica sua sede.
O anúncio do corte de empregos não afeta a unidade conjunta da Volks/Audi no Paraná, localizada em São José dos Pinhais, segundo a assessoria de imprensa da fábrica. A planta – que produz os modelos Fox, Golf e Audi A3 – emprega 2,5 mil trabalhadores e espera superar nesse ano os 84,8 mil veículos produzidos em 2003.
A Volkswagen afirmou que seu lucro líquido caiu para 1,1 bilhão de euros (US$ 1,35 bilhões) no ano passado, depois de um resultado de 2,6 bilhões de euros (US$ 3,2 bilhões) em 2002. O aumento nas vendas foi de apenas 0,3%, chegando a 87,2 bilhões de euros (US$ 107,7 bilhões). Os lucros da Volkswagen caíram no ano passado devido à acirrada guerra de preços no mercado norte-americano e ao dólar mais baixo que o euro. A empresa disse que sem a forte alta do euro em relação ao dólar, as vendas teriam sido de 3,5 bilhões de euros (US$ 4,3 bilhões) maiores.
Na Europa, a empresa também passa por dificuldades com o lançamento de uma nova versão do modelo Golf compacto.
A divisão de veículos comerciais perdeu 218 milhões de euros (US$ 269 milhões), comparado com o lucro de 721 milhões de euros (US$ 890 milhões) de um ano antes. As outras marcas da Volkswagen são Seat, Bugatti, Lamborghini, Skoda e Bentley.
