Metalúrgicos protestam contra 4.400 demissões

Os trabalhadores das maiores fábricas de tratores e colheitadeiras de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás cruzaram os braços na manhã de ontem. A manifestação faz parte de um Dia Nacional de Luta por Emprego, organizado pelas centrais sindicais Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e um sindicato independente, em Goiás. Segundo os sindicalistas, o trabalho já foi retomado em todas as unidades.

Os sindicatos que representam os trabalhadores reivindicam que as empresas revejam cerca de 4.400 demissões realizadas este ano. Esse número é uma estimativa conjunta das centrais sindicais. De acordo com os sindicalistas, as negociações com empresas de Curitiba, no Paraná e Mogi das Cruzes, em São Paulo, estão avançadas.

O secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Clementino Tomas Vieira, afirmou que a CNH New Holand, empresa que reúne mil funcionários em Curitiba, se comprometeu a não fazer novas demissões até 31 julho.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, avaliou como ?boas? as manifestações de ontem e defendeu que a negociação envolva empresas, governo e trabalhadores. Na próxima terça-feira está programada na capital paulista uma reunião para avaliar e definir os novos passos do movimento contra as demissões.

As indústrias justificam as demissões em razão da expectativa de redução nas vendas de máquinas como conseqüência da seca, que prejudica principalmente os agricultores do sul do Brasil. Os empresários apontam ainda a alta nos custos do aço, que segundo eles encarecerá tratores e colheitadeiras e dificultará a venda.

Cláusula social

Os metalúrgicos estiveram ontem com o governador Roberto Requião. Eles foram pedir apoio às propostas contra a crise de emprego na indústria de máquinas agrícolas, sobretudo em relação às demissões na fábrica da Case New Holland, na Cidade Industrial de Curitiba. ?Nós precisamos ter uma conversa muito séria com estas empresas e com o governo federal, que só deve dar incentivo amarrado à cláusula social. Não é possível que estas empresas venham cobertas de incentivos fiscais e não estabeleçam nenhum compromisso com os trabalhadores?, afirmou Requião.

A visita foi uma das ações organizadas pela Força e pelo sindicato para o Dia Nacional da Luta dos Trabalhadores contra a Crise Agrícola. Em Curitiba, a mobilização começou na manhã desta quinta-feira com um protesto em frente à fábrica pela demissão de 300 a 600 trabalhadores nos últimos sessenta dias, de acordo com dados dos metalúrgicos e da própria CNH. Ainda segundo os metalúrgicos, em todo o País foram demitidos quatro mil trabalhadores. O setor emprega diretamente 44 mil.

Os sindicalistas ressaltam ainda um paradoxo entre as demissões e o aumento da produção, comercialização e exportação de tratores e máquinas agrícolas. O diagnóstico dos metalúrgicos aponta crescimento de quase 100% na produção em dois anos, gerado pelo aumento no preço dos produtos agrícolas e pela implantação do Moderfrota, que reduziu o custo do financiamento dos produtos com juros entre 9% a 12%. 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo