Os cerca de 2,7 mil metalúrgicos da Volvo do Brasil, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, decidiram entrar em greve por 48 horas hoje, como forma de pressionar a direção da empresa a melhorar a proposta do acordo coletivo. O impasse ficou estabelecido em relação ao valor do vale-mercado, hoje em R$ 60,00. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba pede R$ 300,00, enquanto a Volvo ofereceu R$ 90,00.
A questão do reajuste salarial foi solucionada. A primeira proposta da Volvo, de 9% de reajuste e abono de R$ 2,2 mil, foi rejeitada em assembleia hoje de manhã. O sindicato encaminhou contraproposta prevendo 10% de reajuste, R$ 4,2 mil de abono a serem pagos em 31 de setembro e 8 de outubro, vale-mercado de R$ 300,00 e estabilidade para os dirigentes sindicais. Os índices de reajuste e valor de abono foram aceitos.
De acordo com o sindicato, o valor do vale-mercado está congelado há 14 anos e teria pesado na decisão dos trabalhadores. A empresa, por meio de nota, disse que a Volvo é a única montadora de veículos do Paraná a conceder o benefício e está disposta a reajustá-lo em 50%, passando para R$ 90,00. “Lamentamos muito a recusa, foi uma proposta excelente”, comentou o diretor de RH e assuntos corporativos, Carlos Morassutti. Cerca de 150 caminhões deixarão de ser produzidos com as paralisações hoje e amanhã.
Na fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, os metalúrgicos aceitaram a proposta da empresa de reajuste salarial, a partir de setembro, de 10,08%, além de R$ 4,2 mil de abono (parcelas em 24 de setembro e 8 de outubro) e piso salarial 10% superior ao atual. Essa proposta foi apresentada depois que os trabalhadores rejeitaram uma inicial, que contemplava reajuste de 9% e abono de R$ 2,2 mil. Os metalúrgicos da Volkswagen, também instalada em São José dos Pinhais, realizarão assembleia amanhã de manhã.
Campinas
Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região (SP) passaram o dia hoje em negociação para buscar um acordo para os trabalhadores da Mercedes-Benz, de Campinas, e a Toyota, de Indaiatuba. Até o fim da tarde, segundo dia de greve nas duas unidades, não tinham chegado a um acordo. Os funcionários rejeitaram a proposta patronal de reajuste de 10,5%. O maior reajuste dos últimos dez anos ocorreu no ano passado e foi de 10%. Os trabalhadores querem alcançar neste ano um porcentual de 13,8%, segundo informou o presidente do sindicato, Jair dos Santos. “As fábricas estão paradas, em processo de negociação, esperando propostas para ver se na semana que vem os trabalhadores conseguem aprovar alguma coisa ou se a greve continua”, afirmou Santos. A Toyota tem cerca de 2 mil funcionários e a Mercedes, 800.
Segundo o sindicato, 100% da produção está paralisada. A Mercedes informou, por meio de assessoria, que a paralisação é parcial, mas não soube informar o número de funcionários que estão parados e quantos estão trabalhando. A empresa informou ainda que não se pronunciará durante as negociações. A reportagem não conseguiu um posicionamento da Toyota.
Os trabalhadores da Honda, em Sumaré (SP), aprovaram na última terça-feira acordo com reajuste salarial de 10,5%, sendo 4,20% de reposição da inflação e 5,95% de aumento real. A Honda informou, por meio de assessoria, que seus funcionários ficaram apenas em estado de greve, mas a linha de produção não parou.