Os trabalhadores da montadora Volkswagen de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, definiram em assembleia realizada nesta segunda-feira (23), seguir com a greve que entrou no 19º dia.
A decisão, segundo os trabalhadores, foi motivada pela falta de diálogo com a Volks, que não apresentou nenhuma proposta além dos R$ 4,6 mil de primeira parcela Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O impasse, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), estaria sendo agravado pela resistência à flexibilização do banco de horas, conforme a montadora deseja.
“A empresa quer a flexibilização do banco de horas em detrimento da saúde dos trabalhadores e o consequente adoecimento da fábrica”, aponta o diretor vice-presidente do SMC, Nelson Silva de Sousa. De acordo com o dossiê que o sindicato entregou hoje para o secretário estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Luiz Claudio Romanelli, a Volks possui 357 trabalhadores afastados por licença-médica acima de 15 dias, o que representa 9% do quadro da unidade em São José dos Pinhais. Se considerar os trabalhadores afastados por menos de 15 dias, isso atinge 24% do quadro.
“A Volks contesta esse número”, relata Romanelli. “A intenção do governo é construir um diálogo entre as partes, porque nosso entendimento é que a greve está demasiadamente longa e todo mundo perde com isso”, destaca o secretário.
Fundo de greve
Em virtude do impasse nas negociações, por enquanto, a greve permanecerá até a próxima quarta-feira (25), quando, às 14horas, os metalúrgicos realizarão uma nova assembleia. O tempo estendido da paralisação fez com que o SMC tomasse uma decisão inédita no Paraná. O sindicato vai acionar o fundo de greve dos metalúrgicos para que os trabalhadores possam pagar as despesas essencias deste mês como alimentação, luz e água.
O fundo é repassado por meio de créditos com as mais de 200 empresas conveniadas ao SMC. Como há mercados nesta relação, os trabalhadores da Volks poderão utilizar o crédito para a alimentação e o pagamento de títulos como água e luz que são feitos por esses estabelecimentos. Dependendo do rendimento, cada trabalhador poderá contar com até R$ 1 mil de créditos. A medida tem a intenção de fazer com que os trabalhadores não se sintam pressionados a aceitar qualquer acordo vindo por parte da empresa em virtude da ausência de salário.
