Metalúrgicos da Volkswagen/Audi e da Renault/Nissan, ambas em São José dos Pinhais, decidiram continuar com a paralisação iniciada na última segunda-feira, por, no mínimo, mais 48 horas.
Já os funcionários da Volvo, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), voltaram ontem ao trabalho. As três montadoras instaladas na Grande Curitiba empregam juntas cerca de 11 mil pessoas. A data-base da categoria é 1.º de setembro.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Cláudio Gramm, não houve avanço nas negociações. Na segunda-feira à noite, representantes do sindicato dos trabalhadores e do Sinfavea (sindicato patronal que representa as montadoras) se reuniram.
“Os representantes das montadoras disseram que não iam negociar com os metalúrgicos parados. Na Volks e na Renault, a proposta foi colocada em assembléia e os trabalhadores decidiram continuar parados. Na Volvo, o pessoal decidiu dar um voto de confiança”, explicou Gramm.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a direção da Volvo teria aberto canal de negociação, independente do Sinfavea, e teria se comprometido a apresentar proposta de aumento salarial até amanhã. Na Volvo, a assessoria de imprensa não confirmou a negociação paralela ao Sinfavea e disse que o dia parado será descontado dos trabalhadores.
Até o final da tarde de ontem, não havia reunião agendada entre o Sindicato dos Metalúrgicos e o Sinfavea. Na quinta-feira, os metalúrgicos devem realizar nova assembléia para decidir se voltam ao trabalho ou se seguem parados.
“O trabalhador segue mobilizado. Enquanto as montadoras não apresentarem uma proposta digna, de acordo com a produção e lucro recorde que estão tendo, a situação continuará como está”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Butka. Cláudio Gramm salientou que a categoria está aberta a negociações. “O objetivo da greve é forçar para que as montadoras tragam uma proposta.”
Reivindicações
Os metalúrgicos reivindicam aumento salarial real de 5%, reposição da inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 7,6%, e abono no valor de R$ 1,5 mil. O Sinfavea ofereceu reposição de inflação e 0,5% de aumento real.
A proposta de aumento oferecida pelas montadoras é inferior até mesmo a que foi fechada ano passado. Em 2007, os metalúrgicos conquistaram um aumento real de 2,5%, depois de quatro dias de greve na Renault e na Volks.
Contando com os 4,82% referentes à correção da inflação, a categoria teve um aumento total de 7,44%. Além disso, receberam um abono de R$ 1,5 mil. Na Volvo, não houve greve. Os valores fechados com a fábrica de ônibus e caminhões foram os mesmos da Volks e Renault, só que com um abono de R$ 1 mil.
Com os dois dias de paralisação (segunda-feira e ontem), a Volks deixou de produzir cerca de 1,7 mil veículos, enquanto a Renault, aproximadamente, 1,6 mil veículos. Nenhuma das duas empresas falou sobre a paralisação, nem sobre as negociações.
Os metalúrgicos da Grande São Paulo também estão mobilizados em campanha salarial. General Motors, empresas fornecedoras de montadoras, Ford e Volkswagen têm seus trabalhadores prestes a cruzar os braços caso não consigam acordo com as empresas.