O Departamento de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (Simec) apresentou ontem uma pesquisa realizada em empresas metalúrgicas sobre as condições de utilização das máquinas. De acordo com o estudo, cerca de 95% dos equipamentos utilizados têm mais de 11 anos de uso, o que comprometeria a segurança de quem opera essas máquinas. O Projeto Proteção de Máquinas, realizado em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e a Força Sindical do Paraná, tem como objetivo demonstrar que as indústrias da Região Metropolitana de Curitiba não realizam investimento humano e tecnológico adequado em suas plantas.
Segundo o diretor de saúde do Sindicato, Núncio Mannala, os pesquisadores visitaram 20 pequenas e médias empresas da Grande Curitiba. ?O resultado demonstra aspectos de segurança do trabalho nessas metalúrgicas e avalia as condições das máquinas utilizadas, principalmente as prensas, dobradeiras e guilhotinas, que são as grandes responsáveis pelas mutilações na categoria?. Segundo o diretor, o trabalho começou há cerca de dois anos, depois que o número de mutilações, principalmente em mãos, dedos e braços, atingiram mais de 500 em apenas um ano na cidade.
Mannala diz que o projeto concluiu que as máquinas e equipamentos utilizados são antigos e ultrapassados, além das proteções utilizadas serem inadequadas e insuficientes. ?O mais grave é que os trabalhadores desconhecem o funcionamento detalhado das máquinas e o parque industrial da Grande Curitiba necessita de investimento e maior tecnologia?. O sindicalista explica que em Curitiba ainda se encontram prensas construídas na década de 1940, que quando entram em pane, ?ficam doidas?. ?O equipamento fica descontrolado, sendo responsável por um grande número de mutilações. Além disso, a idade das máquinas comprometem a capacitação para o uso?, acrescenta.
A pesquisa apontou que todas as empresas pesquisadas têm plano de manutenção do equipamento, mas que eles são apenas ?curativas?. ?Pouquíssimos equipamentos vistoriados são revisados. Apenas recebem conserto quando estragam?, revela Mannala. O estudo também apontou número insuficiente de mecânicos de manutenção nas empresas. ?Os empresários têm medo de investir e não poder pagar e os trabalhadores têm medo de exigir maior segurança, sem ter tempo de se atualizar e estudar. Agora precisamos sentar com o governo e com o sindicato patronal e dialogar para acabar com essa agressão contra a categoria?, afirma o diretor. (Diogo Dreyer)