Após fazer 27 leilões de concessão e privatização neste ano, a meta do governo federal para 2020 é realizar de 40 a 44 licitações, afirmou nesta terça-feira, 12, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. O ministro demonstrou otimismo ao falar sobre as perspectivas para atrair investimentos privados em infraestrutura.

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“O momento é favorável ao Brasil”, afirmou Freitas, em palestra durante seminário promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, pouco após exibir um vídeo promocional, em inglês, em que o programa de concessões do governo federal é descrito como o “maior do mundo”, com US$ 50 bilhões em ativos.

Segundo o ministro, o momento é favorável porque, com a desaceleração do crescimento global, provocado pelos efeitos da guerra comercial entre China e Estados Unidos, pela “polarização política” e pelo envelhecimento das populações, os bancos centrais têm baixado os juros. “Isso vai tornando ativos aqui cada vez mais atraentes”, afirmou Freitas.

Aeroportos

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Ao descrever os leilões previstos para os próximos anos, o ministro disse que estão programados leilões de 22 aeroportos em 2020, em três blocos regionais, no mesmo modelo usado no mais recente leilão de concessão. A rodada seguinte, com 19 aeroportos, também em três blocos, incluindo as “joias da coroa”, que são Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio, poderá ser no fim de 2021, ou no início de 2022, disse Freitas.

Portos

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No setor portuário, além dos leilões recentes, Freitas lembrou que o governo começará com a privatização das companhias docas, estatais que administram portos públicos nos Estados. A primeira a ser privatizada será a Companhia Docas do Espírito Santo. Em seguida, virá a da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, mas ainda não está decidido se o terminal de São Sebastião será incluído na desestatização ou não.

Rodovias

Nas rodovias, serão sete leilões em 2020, num total de 5 mil quilômetros, disse Freitas. Segundo o ministro, o bloco inclui as licitações de três trechos federais já concedidos, cujos contratos estão para expirar. É o caso da Rodovia Presidente Dutra, entre Rio e São Paulo, cuja futura concessão será agregada a um trecho da BR-101, a Rio-Santos, da Rio-Petrópolis, trecho da BR-040, e da Rio-Teresópolis, trecho da BR-116, cuja nova concessão incluirá o Arco Metropolitano do Rio, construído com recursos públicos, mas que está em situação de abandono, com pouca manutenção e sem policiamento.

Ferrovias

Já no setor ferroviário, o destaque será o leilão de um primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). O edital de concessão “está sendo enviado” ao Tribunal de Contas da União (TCU), disse Freitas, reafirmando a perspectiva de realizar o leilão no fim do primeiro semestre de 2020.

O ministro ressaltou ainda que o governo trabalha nas prorrogações das concessões da malha ferroviária já administrada pela iniciativa privada. Conforme Freitas, a renovação das concessões atrairá investimentos (R$ 30 bilhões nos próximos anos), mas também trará uma “revolução em termos de regulação”. “Estamos liberando barreiras que impedem o exercício do direito de passagem”, afirmou o ministro.

Segundo Freitas, apenas na Malha Paulista, a perspectiva é que a prorrogação da concessão resulte em R$ 6 bilhões em investimentos em cinco anos.

Risco cambial

O risco cambial para os investidores estrangeiros que aplicarem no programa de concessões do governo federal será tratado de “forma criativa”, dentro dos contratos, afirmou o ministro da Infraestrutura.

Segundo ele, técnicos do governo têm ouvido investidores para identificar os diversos riscos envolvidos, como ambiental e de judicialização, e procurar mitigá-los na modelagem das concessões.

No caso do risco cambial, a ideia é, dentro dos contratos, usar a parte variável das outorgas, pagas em parcelas ao longo da concessão, para mitigar a volatilidade cambial. Assim, apreciações e depreciações do real elevam ou diminuem o valor da parcela, o que garantiria um equilíbrio no longo prazo.

“Estamos procurando tratar o risco cambial de forma criativa, dentro dos próprios contratos de concessões”, afirmou Freitas. “Temos usado a parcela da outorga variável, que depende da eficiência dos concessionários, como amortecedor da questão do câmbio”, completou.

Segundo o ministro, o Banco Central (BC) também trabalha para mudar as regras das operações de swap cambial. Sem dar detalhes na palestra, Freitas disse que as mudanças vão no sentido de mudar a tributação para o fim das operações de swap.

Em relação à judicialização, Freitas citou as mudanças na legislação trabalhista, que já teriam reduzido o número de disputas judiciais, e a adaptação dos contratos de concessão, para que facilitem reequilíbrios econômico-financeiros ao longo da concessão e incentivem a resolução de conflitos na esfera administrativa, com destaque para o uso da arbitragem. No caso do risco ambiental, a ideia é oferecer projetos que tenham condições de obter licenças ambientais.