Meta de inflação de 2005 não deve ser atingida

O governo deve reconhecer no início do próximo ano a inviabilidade da meta de inflação de 2005 e sinalizar uma nova rodada de flexibilização da política monetária. A avaliação é dos integrantes da Comissão de Acompanhamento Macroeconômico da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro). "Contribuiria para esta decisão uma eventual desaceleração da atividade econômica que, entre outros desdobramentos, poderia ampliar os ruídos políticos que, naturalmente, serão gerados pela aproximação do calendário eleitoral", avaliaram.

Segundo análise da comissão da Andima, para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, fechar em 5,1% no próximo ano, o juro básico brasileiro teria que superar 20%.

Na última quarta-feira (17), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou o juro básico (Selic) de 16,75% para 17,25% ao ano. Foi o terceiro aumento mensal consecutivo. A alta tem como objetivo reduzir as expectativas do mercado de inflação para 2005, que estão, na média, em 5,9% de acordo com o último relatório Focus do BC.

A meta central de inflação para o próximo ano é de 4,5%, com possibilidade de oscilar 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Mas o BC já informou que perseguirá uma taxa de 5,1% para o próximo ano.

O coordenador da comissão, Rubens Sardenberg, da Nossa Caixa, considera que uma das alternativas para evitar a explosão dos juros seria o Banco Central trabalhar com uma inflação projetada ainda mais alta do que a de 5,1%.

"O BC já deu demonstrações do seu compromisso com a estabilidade macroeconômica e com o processo inflacionário. Ao mesmo tempo, dada essa rigidez, será que o sistema de metas não precisaria de um aperfeiçoamento?", indagou, citando a possibilidade de adoção do núcleo da inflação, como nos Estados Unidos, que exclui energia e alimentos.

Previsões

A Comissão de Acompanhamento Macroeconômico da Andima projeta para 2005 um IPCA em 5,9%.

A taxa Selic, na avaliação da equipe, deve encerrar dezembro deste ano em 17,7% ao ano e poderá recuar para 16,1% ao ano no último mês do próximo ano.

As projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) são de expansão de 4,7% em 2004 e de 3,5% no próximo ano.

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