O governo elevou a meta de exportações neste ano de US$ 112 bilhões para US$ 117 bilhões. O aumento foi anunciado ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ele acredita que, dado o maior volume de vendas ao exterior, é possível que o saldo comercial deste ano fique na casa dos US$ 42 bilhões. ?Na tendência de hoje, é possível que o superávit se alargue. Algo como US$ 42 bilhões, dependendo do comportamento das importações nos próximos meses?, disse o ministro, em entrevista concedida no Centro Cultural do Banco do Brasil, após participar de uma homenagem a pequenos e médios exportadores.
Brasília (AE) – Furlan ponderou, no entanto, que um saldo comercial acima de US$ 40 bilhões é exagerado. ?O Brasil não precisa de superávit desse tamanho?, afirmou. ?Temos de dar uma dinâmica consistente nos dois caminhos (exportação e importação).? Ele disse concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o superávit acima de US$ 40 bilhões ao ano é excessivo.
O otimismo com relação às exportações é baseado, segundo Furlan, no crescimento da economia mundial, puxado pelos Estados Unidos, China e alguns países da Europa, e do bom desempenho das companhias exportadoras brasileiras. Ele lembrou que esse desempenho tem favorecido não só o Brasil, mas também outros países exportadores. No entanto, as exportações do Brasil crescem a uma velocidade que é o dobro da média mundial. ?Alguma coisa as empresas estão fazendo melhor que em outros países?, concluiu.
A grande incógnita com relação à projeção de saldo de US$ 42 bilhões é o comportamento das importações. Furlan afirmou que as compras de mercadorias no exterior devem aumentar em outubro e novembro, mas cairão em dezembro, tornando factível o saldo de US$ 42 bilhões. Mais conservador, o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, disse que o saldo deverá ficar abaixo dos US$ 41,259 bilhões acumulados nos últimos 12 meses devido ao aumento das importações, sobretudo de matérias-primas e produtos intermediários, ao longo de todo o último trimestre.
O maior volume de compras no exterior seria puxado pelo aquecimento da economia. Meziat avaliou, no entanto, que mesmo com a valorização do câmbio as importações não cresceram ao nível que o governo imaginava. Ele destacou também que a alta das importações tem se dado em bens de capital, matérias-primas e produtos intermediários, mas em razão das vendas de fim do ano os bens de consumo podem registrar uma alta nos próximos meses.
Furlan disse que a meta das exportações para 2006 também deverá ser revista no final deste ano. Atualmente, ela está em US$ 120 bilhões. ?A meta de US$ 120 bilhões para 2006 ainda está mantida. Com isso, vamos dobrar o valor das exportações em quatro anos de governo Lula?, disse Meziat.
Setembro
Em setembro, a balança comercial alcançou um superávit de US$ 4,329 bilhões, resultado de exportações de US$ 10,635 bilhões (um recorde para o mês) e importações de US$ 6,306 bilhões. De janeiro a setembro, o saldo acumulado é de US$ 32,671 bilhões. As vendas de mercadorias ao exterior somaram US$ 86,720 bilhões, enquanto as compras chegaram a US$ 54,049 bilhões. Nos 12 meses terminados em setembro, as exportações já atingiram US$ 112,917 bilhões, um aumento de 24,7% na comparação com o período anterior, enquanto as importações somaram US$ 71,658 bilhões, um recorde.
Mercado amplia previsões
Brasília (ABr) – O saldo da balança comercial (exportações menos importações) deve fechar o ano em US$ 41 bilhões, de acordo com expectativas dos analistas financeiros, que todas as sextas-feiras são ouvidos pelo Banco Central para saber as tendências do ?cenário de mercado?. Essa projeção está acima da previsão anterior, de US$ 40,50 bilhões, e bem acima da projeção de US$ 38 bilhões, expressa no relatório de inflação trimestral, referente a setembro, que o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, divulgou na última quinta-feira.
A expectativa de saldo comercial para o ano que vem também melhora, e passa de US$ 34,25 bilhões para US$ 35 bilhões. Quem ganha com isso é a conta corrente externa – que envolve todas as transações comerciais e financeiras – cuja projeção para este ano aumenta de US$ 12,90 bilhões para US$ 13 bilhões.
Os números constam do boletim Focus, divulgado ontem pelo BC, que elevou de 3,28% para 3,29% a expectativa de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) soma de todas as riquezas produzidas no país, e manteve a perspectiva de 3,50% para o PIB, de 2006. Isso, apesar da redução de 4,22% para 4,11% da projeção de crescimento da produção industrial.
São projeções com base em um cenário no qual o dólar não ultrapasse R$ 2,35 neste ano (previsão anterior era de R$ 2,40), nem passe de R$ 2,56 em 2006 (contra perspectiva anterior de R$ 2,52). Além disso, a taxa básica de juros (Selic) deve cair dos atuais 19,50% ao ano para 19% ainda este mês, baixando para 18% no final de 2005 e caindo para 16% até final de 2006.
A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano manteve-se em 5,21%, próximo à meta oficial de 5,1%. A perspectiva de inflação para 2006 caiu mais um pouco, para 4,63%, e também se aproxima da meta de 4,5%.