Se em 2016 a alta taxa de juros garantiu boa rentabilidade na renda fixa, em 2017 o investidor ainda encontrará nela um porto seguro contra turbulências. A expectativa, no entanto, é que o retorno oferecido caia à medida em que a economia mostre sinais de recuperação e se consolide o cenário de queda dos juros. Quanto ao exterior, ainda há incerteza sobre como as políticas do governo Trump afetarão o Brasil.

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Por enquanto, mesmo com taxas já não tão altas como as vistas no início do ano, o Tesouro Direto continua sendo a primeira recomendação para quem não quer arriscar, mas deseja um retorno maior que o da poupança.

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“As melhores opções são os papéis indexados à inflação”, diz o administrador de investimentos Fábio Colombo. Ele recomenda aplicações em papéis de prazo não muito longo – entre dois a sete anos -, pois quanto maior o tempo para o resgate, maior a incerteza. Para fundos, o ideal é que a taxa de administração não passe de 2%.

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Colombo também aconselha a evitar os papéis prefixados caso haja a possibilidade de resgate antes do vencimento. “Títulos prefixados são mais arriscados pois, para pagar a menor alíquota de Imposto de Renda, o investidor deve deixar o dinheiro aplicado por pelo menos dois anos”, explica.

Para Roberto Indech, analista da corretora Rico, o início de 2017 será imprevisível, porém as taxas pagas pelo Tesouro devem cair à medida em que a Reforma da Previdência avance no Congresso – que, junto com a emenda que instituiu o Teto de Gastos, forma a base do ajuste fiscal.

Outro elemento decisivo é a recuperação da economia, cujos primeiros sinais devem ser vistos no segundo semestre do ano que vem. “Pode haver queda forte nos juros até o fim de 2017. Assim, a rentabilidade de ativos ligados à taxa de juros também deve cair”, diz Indech.

Sócio-diretor da corretora Easyinvest, Marcio Cardoso lembra que cada título público tem seus equivalentes no mercado privado. “Quem não quer correr risco, pode apostar no Tesouro Selic (ligado à taxa de juros) ou em um título atrelado ao CDI (taxa que acompanha a Selic)”, diz. Ele ressalta, porém, que é importante ficar atento ao risco de insolvência dos emissores de títulos privados e recomenda aportes dentro do limite do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de até R$ 250 mil por CPF. Dessa forma, LCIs, LCAs e CDBs aparecem como opções.

Mesmo com a perspectiva de taxas menores, o Tesouro Direto deve continuar a atrair público. A Secretaria do Tesouro Nacional fez melhorias no aplicativo para smartphones – uma atualização está disponível desde o último dia 17 – e promete lançar uma calculadora para comparar aplicações em títulos públicos com outros produtos financeiros.

Apesar do recorde de 1 milhão de investidores cadastrados alcançado em outubro, só um terço, de fato, possui aplicações. “O investidor sai da estatística de ativo quando vende o título. Ou, ainda, quando se cadastrou e não comprou nada”, diz Luiz Alves, coordenador geral da dívida pública no Tesouro.

Autor do livro Tesouro Direto: A Nova Poupança, o economista Marcos Silvestre argumenta que isso também é uma questão de disciplina. “Muitos não se planejam para fazer aplicações”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.