Às vésperas da data-limite para que a Argentina pague os credores holdouts – fundos de investimentos que não participaram das renegociações da dívida de 2005 e 2010 -, a decisão do Mercosul é defender o sócio. Espera-se dos presidentes, nesta terça-feira, 29, mais declarações formais de apoio ao governo de Cristina Kirchner. Mesmo que, a essa altura, o bloco possa apenas se manifestar politicamente, a Argentina pediu a demonstração de que não está sozinha na briga contra os fundos. Diplomatas do Mercosul estariam cogitando incluir no documento final do encontro uma menção de apoio à Argentina.

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Uma comitiva da Argentina se reúne hoje em Nova York com o mediador Daniel Pollack, indicado pela justiça americana, para uma última rodada de negociações. A Argentina tem até a quarta-feira, 30, para fechar um acordo ou dar o calote.

Em encontro com ministros do bloco, em Caracas, o chanceler argentino, Hector Timerman, apresentou a seus colegas um panorama da situação. Repetiu que o governo não tem condições de aceitar a decisão judicial sob pena de desestruturar toda a renegociação da dívida, mas que pretende continuar pagando os demais credores.

O governo brasileiro confirma que observa com preocupação a situação do país vizinho, que pode ter reflexos em toda a região. Apesar de alegar que a falta de divisas na Argentina já prejudicou o comércio com o Brasil, e que não há como piorar mais a curto prazo, diplomatas brasileiros afirmam que há riscos maiores a médio prazo.

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Os diplomatas brasileiros dizem que o maior risco é para o mercado de reestruturação de dívidas, já que a Argentina foi levada a essa situação. A Argentina tinha recursos e disposição para pagar os fundos, desde que fosse a partir de janeiro de 2015, quando expira a cláusula que obriga o país a estender a todos os credores qualquer novo benefício acertado com os holdouts – mesmo àqueles que já renegociaram.

“Estamos acompanhando a situação. O que temos de buscar é a segurança e a previsibilidade de tudo que implica a reestruturação das dívidas dos Estados”, afirmou o chanceler paraguaio, Eládio Loizaga. “Isso é uma situação que conspira contra a previsibilidade de uma reestruturação. Cremos que uma minoria não pode gerar esse tipo de descalabro em um esquema já acordado com os maiores detentores de bônus.”

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Reforma

Na reunião ampliada dos chanceleres, Timerman apelou ao bloco para liderar a defesa de uma reforma do sistema financeiro internacional que inclua uma limitação dos fundos holdouts. “A Argentina agradece o respaldo do Mercosul nesta grave situação. É fundamental que, a partir deste primeiro passo, assumamos a liderança necessária para impulsionar a reforma no sistema financeiro internacional”, disse o chanceler argentino. “Precisamos promover regras mais justas e equitativas para que os processos de reestruturação de dívidas soberanas impeçam a ação dos fundos ‘abutres’.”

Loizaga confirma que a tese da reforma vem sendo discutida em fóruns globais com apoio do bloco. “O Mercosul está dentro de um esquema muito menor, mas quer sobretudo que haja respeito. A Argentina está pagando sua dívida.”

O apoio já foi dado em outras ocasiões. Apesar de a Argentina não ter conseguido incluir na declaração do encontro do Brics com os países da América do Sul apoio explícito, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que condena a ação dos fundos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.