O Mercado Comum do Sul (Mercosul) completa neste sábado (26) vinte anos. Criado com a intenção de permitir uma zona aduaneira comum aos países da América do Sul, na prática, ele ainda carece de muitos avanços para uma efetiva relação comercial livre de barreiras, aos moldes do que ocorre com o principal referencial entre os blocos econômicos, a União Europeia (UE).
Para o secretário da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, as duas décadas do Mercosul conseguiram avanços, embora ele reconheça que tenham ficado abaixo das expectativas. “Os avanços não atingiram a velocidade esperada, e tão pouco se aproximaram do que ocorre com a União Europeia. Contudo, basta observar nossa balança comercial para verificar que os países membros integram a lista dos nossos principais vendedores e compradores”, aponta Barros, lembrando que a pauta de produtos isentos de tributação ou com redução tributária é fruto das negociações viabilizadas pelo bloco. “O Mercosul é um instrumento importante para o desenvolvimento econômico da América do Sul, tanto que o programa Paraná Competitivo está priorizando o bloco no que envolve a internacionalização do Estado”, destaca.
O secretário conta que a questão energética, sobretudo a produção de Itaipu, tanto do lado brasileiro quanto paraguaio, irá mobilizar todo o bloco. “A Argentina está demandando energia e o posicionamento estratégico do Brasil e do Paraguai servirá de impulso para diversos acordos nesse campo. E isso, certamente, vai mobilizar o surgimento de parcerias com os demais membros do bloco”, adianta o secretário.
Para o coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, se o Tratado de Itaipu, assinado em 1973, tivesse sido seguido, hoje as transações comerciais vislumbradas para o bloco estariam em outro patamar. “Falava-se da obra da eclusa de Itaipu desde a criação da usina, isso viabilizaria a integração física dos países por hidrovia. Mas isso foi preterido pelos diversoso governos e os acordos, prorrogados”, critica. Na avaliação de Ceschin, a “eliminação das fronteiras” pela integração hidroviária promoveria de forma barata, rápida e eficiente, uma série de avanços nas negociações entre os países membros do Mercosul. “Deveríamos usar essa vantagem natural que temos, com as diversas bacias hidrográficas que banham nosso país e os vizinhos, para promover o escoamento dos nossos produtos. Isso garantiria vantagem competitiva às mercadorias de cada país e fortaleceria o Mercosul”, avalia.
Parlasul
Constituído ontem, dia 14 de dezembro de 2010, com o objetivo de acelerar a integração entre os países membros, o Parlamento do Mercosul (Parlasul), na avaliação do secretário, deve consolidar o Brasil na posição de liderança no bloco. “O Brasil já ocupa essa posição, mas isso ficará ainda mais claro, tanto que, para 2012, já se prospecta um maior número de parlamentares brasileiros”, disse Barros. Ele acredita que o Parlasul vai conseguir dar vazão as propostas do bloco com acompanhamento das ações. “Aposto em uma evolução mais rápida para o Mercosul com o advento do parlamento”.
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