Flexitarianos

Mercado vegano no país é impulsionado por quem ainda come carne

Foto: Pixabay.

Na era dos negócios com propósito, estar alinhado a causas como o respeito aos animais e a preservação do ambiente é meio caminho andado para conquistar o público. No Brasil, buscas pelo termo “vegano” aumentaram 300% entre 2016 e 2021, segundo o Google Trends, ferramenta que analisa o interesse por determinados temas.

Mais do que pregar o consumo exclusivo de alimentos de origem vegetal, o veganismo condena processos produtivos que envolvam animais. É um estilo de vida mais restrito que o do ovolactovegetariano, por exemplo, que costuma consumir ovo, leite e derivados.

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Mas quem de fato tem movimentado o setor são os flexitarianos. São pessoas que, embora não sejam veganas nem vegetarianas, estão dispostas a reduzir o consumo de proteína animal.

Levantamento divulgado em 2021 pela Euromonitor aponta que quase 1 em cada 4 consumidores no mundo (23%) tenta limitar a ingestão de carne: em 2019, esse número era 21%. Por aqui, pesquisa feita pelo Ipec no ano passado mostrou que 46% dos brasileiros já deixam de comer carne ao menos uma vez na semana por vontade própria.

Seja por amor aos bichos, pela saúde ou porque se preocupam com as consequências da emissão de gases de efeito estufa pela agropecuária, os flexitarianos também preferem comprar de marcas que se dizem “livres de crueldade”.

É por isso que a Vizzela, de Mogi das Cruzes (SP), se apresenta como fabricante de cosméticos veganos: não usa matéria-prima animal nem faz testes em bichos.

Química especializada em cosmetologia, Aline Waiser, 29, conduzia uma empresa familiar de cosméticos tradicionais e, ao criar a própria marca, em 2019, ela e os sócios não pensaram duas vezes. “Estou no mercado há 12 anos e percebi que mesmo o consumidor que não é vegano busca cada vez mais produtos cruelty free.”

No primeiro trimestre de 2022, a Vizzela cresceu 117% em comparação ao mesmo período de 2021. Os mais de 300 itens do catálogo se dividem em três linhas: maquiagem (70%), esmaltes (20%) e cuidados com a pele (10%) —a máscara para cílios No Panda (R$ 35,90) é o best-seller da marca. De acordo com a empreendedora, os cosméticos veganos têm a mesma performance que os tradicionais.

“Os fornecedores têm cada vez mais opções de insumos veganos. Alguns são mais caros, como a cera sintética, que ainda custa 20% a mais do que a cera de abelha. Mas já consigo fazer produtos baratos, com embalagens sustentáveis fabricadas no Brasil.”

Levar as informações mais relevantes ao consumidor, diz Aline, é fundamental no segmento. “Nossa equipe é treinada para informar a origem das matérias-primas e até que tipo de eventos patrocinamos. São clientes que rejeitam a associação da marca a desfiles de moda que incluam roupas de couro, por exemplo.”

Na avaliação de Gaia Prado, representante no Brasil da Peclers Paris, agência de pesquisa de tendências, o crescimento do veganismo tem a ver com a necessidade de reconexão com a natureza e preservação do planeta.

“Não é modismo, essa tendência vai permanecer. Mas pode ser que ela mude de forma e de nome, porque o mercado ainda vai se transformar e as tecnologias vão avançar.” Ela diz ainda que essa mudança de hábitos atinge todas as faixas etárias, mas em especial os mais jovens. “É para o jovem que ficou a conta das más escolhas das gerações passadas.”

Foi pensando nesse público em expansão que o publicitário carioca Celso Fortes, 50, fundou o Açougue Vegano, em 2016, com a colega do curso de gastronomia Michelle Rodriguez, 35.

“Criamos pratos como hambúrguer de shiitake e coxinha de espinafre e decidimos fundar uma empresa de congelados.” A dupla preparou 3.500 porções e foi às redes sociais anunciar a venda. O estoque se esgotou no primeiro dia. “No dia seguinte, o Mercado de Produtores [na Barra da Tijuca] nos ofereceu um espaço. Estamos lá há cinco anos.”

O Açougue Vegano cresceu um bocado. Hoje são oito unidades, em cinco estados, que servem refeições rápidas e vendem congelados. Apenas duas são próprias, as demais são franquias. Há, ainda, quatro unidades em implementação e a fila de pedidos passa de 300.

A comida é produzida em uma fábrica de 400 m² em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, que emprega 18 funcionários. “Antes, os salgados eram modelados à mão, um a um. Há dois anos, investimos R$ 300 mil na automação da produção e em uma câmara fria, para ganhar escala”, diz Fortes.

O Brasil já tem até uma plataforma de investimentos em startups do mercado vegano. Fundada pelo dinamarquês Christian Wolthers, 36, residente no Brasil há 12 anos, a Vegan Business nasceu em 2018 e tem colhido bons resultados. Em janeiro deste ano, na primeira rodada de captação, a Chameleon Sun, fabricante de protetores solares veganos, conseguiu captar R$ 505 mil em 24 minutos.

“Temos mais de 2.000 cadastrados, desde pessoas ligadas à causa que querem ver empresas crescerem a investidores atrás de oportunidades.”

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