Brasília (ABr) O boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central indica, pela terceira semana seguida, que o ritmo de aumento dos preços no varejo perdeu força, já que a estimativa de inflação para este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 7,37%, há duas semanas, para 7,31%, na semana anterior, e agora está em 7,13%. No entanto, a previsão é de um ligeiro aumento para o ano que vem – de 5,80% para 5,81%.
Houve pequena melhora na previsão do IPCA para este mês (caiu de 0,46% para 0,45%) e para o acumulado dos próximos doze meses (desceu de 6,18% para 6,17%). Contraditoriamente, porém, a expectativa de inflação para o mês de novembro subiu de 0,56% para 0,57%.
A previsão aponta também queda pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) da Universidade de São Paulo, que prevê inflação, este ano, de 6,24%, na capital paulista, contra prognóstico anterior de 6,45%.
Ao contrário dos preços livres, que dão sinais de alívio para o consumidor, os monitorados (combustíveis, telefonia, energia e outros) não param de crescer. Consultores e analistas de mercado ouvidos pela pesquisa semanal do Banco Central estimam reajustes acumulados de tarifas, este ano, em 8,58% (8,50% na semana passada) e a expectativa para 2005 aumenta de 7% para 7,20%.
Juros
O mercado financeiro mantém a expectativa de aumento da taxa básica de juros (Selic) na reunião que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá na próxima semana. Apesar de a pressão inflacionária ter se reduzido um pouco nas últimas semanas, quase uma centena de instituições e analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central estimam taxa de 17% ao ano, no encerramento de 2004.
A pesquisa do BC, que dá origem ao boletim Focus, divulgado toda segunda-feira, prevê que a taxa Selic, hoje de 16,25% ao ano, deve subir para 16,50% na semana que vem, com aumentos de mais 0,25 ponto percentual em novembro e em dezembro. A previsão também é de aumento para 2005, e a taxa anterior, de 15,25%, foi reestimada para 15,50%, tendo como base uma taxa de câmbio de R$ 2,95, neste ano, e de R$ 3,12, no ano que vem.
Balança comercial
O mercado elevou mais uma vez a perspectiva em relação ao saldo da balança comercial deste ano, e a previsão anterior, de US$ 32 bilhões, passou para US$ 32,3 bilhões (US$ 27,08 bilhões em 2005). Melhorou também a previsão de entrada de investimentos estrangeiros, que devem somar US$ 15 bilhões, neste ano, e US$ 13 bilhões, em 2005.
Como resultado da entrada de mais divisas, o boletim Focus estima redução de 55,40% para 55,30% da relação entre dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB), cuja previsão de crescimento, neste ano, foi mantida em 4,50%. O PIB, porém, terá aumento de 3,50% para 3,55% no ano que vem, nos cálculos dos analistas de mercado.
A pesquisa do BC estima, ainda, que o crescimento da produção industrial deste ano será um pouco menor que os 6,61% da previsão anterior e deve ficar em 6,55%. Da mesma forma, o superávit de contas correntes, antes previsto em US$ 9,20 bilhões, foi recalculado para US$ 9,10 bilhões.