São Paulo (AE) – O Comitê de Política Monetária (Copom) deve dar continuidade ao processo de redução da taxa básica de juros, iniciado em setembro de 2005, e promover mais um corte de 0,75 ponto percentual na próxima quarta-feira, segundo as previsões de 56 de um total de 60 instituições financeiras consultadas pela Agência Estado.
Dos quatro economistas que divergem dessa opinião, dois prevêem queda de 0,50 e dois, de 1 ponto percentual. Atualmente, a taxa de juros é de 16,5% ao ano. Se a previsão da maioria dos analistas for confirmada, a redução acumulada desde o início do ano chegará a 2,25 pontos percentuais e, desde o início do processo de afrouxamento monetário, uma redução de 4 pontos percentuais.
Para boa parte das instituições ouvidas, o Banco Central já teria espaço para promover uma redução mais agressiva da taxa de juros. Um dos motivos é o comportamento da inflação e das expectativas do mercado para os preços até o final do ano.
Para o economista-chefe da ARX Capital Management, Alexandre Sant?Anna, é com o ritmo atual de corte que o BC está conseguindo empurrar a inflação para o centro da meta, de 4,5%. Na pesquisa Focus feita semanalmente pelo Banco Central, a mediana das expectativas de inflação para o IPCA ao final de 2006 já havia caído para 4,47% na edição desta semana, comparativamente aos 4,5% da semana anterior.
Os analistas salientam que o comitê deverá manter o ritmo porque assim vem sinalizando nos documentos de relacionamento com o mercado, como a ata do Copom e o Relatório Trimestral de Inflação, além do comunicado que se segue após o anúncio. No último, o BC apresentou o seguinte texto: ?Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 16,5% ao ano, sem viés, por seis votos a favor e três votos pela redução da taxa Selixc em 1,00 ponto percentual.?
Efeito Mantega
Os economistas mencionaram que será fundamental para a credibilidade do BC manter o ritmo de cortes que vem sendo desenvolvido desde o início do ano, em um momento de mudanças na cúpula da coordenação econômica do País, com a chegada do ministro Guido Mantega à Fazenda. Principalmente porque, até ocupar o cargo, o economista era um dos maiores defensores da queda maior dos juros. ?Se o BC cortar agora a Selic em 1 ponto, poderia indicar que o ministro foi ouvido, ainda que não fosse o caso?, disse Sérgio Vale, economista da MB Associados.
Outro ponto destacado pelos economistas refere-se à incerteza dos diretores do BC em relação aos impactos das primeiras ações da política monetária, em setembro do ano passado, sobre a economia. ?Os membros do Copom deixaram claro no parágrafo 22 da ata de março que não sabem exatamente quais são os efeitos dos primeiros cortes?, disse o economista Luiz Carlos Costa Rego, da Costa Rego & Associados.