Mercado projeta juro a 15,5% em 2006

Os analistas financeiros reduziram as projeções de juros para o fim de 2006 de 16% para 15,5% na pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC) divulgada ontem. O recuo ocorreu na mesma semana em que o BC anunciou que as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) deixarão de ser mensais a partir do ano que vem. Em vez de 12 reuniões ao ano, serão realizadas 8.

O gerente de Política Monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski, acha que a queda nas projeções dos juros para 2006 está mais relacionada com a possibilidade de o governo aprofundar o ajuste fiscal no ano que vem do que com o calendário do Copom. Mas ele reconhece que, com um número menor de reuniões, reduzem-se as chances de o Banco Central decidir cortes ou elevações de 0,25 ponto porcentual. A tendência, acredita ele, é que as variações na taxa de juros Selic sejam de 0,5 ponto porcentual.

Bogdanski lembrou que, antes do anúncio da mudança no calendário de reuniões do Copom, trabalhava com uma estimativa de que os juros cairiam 0,25 ponto porcentual nas reuniões de janeiro, fevereiro e março. Agora, com um número reduzido de reuniões, ele acha que os juros deverão ser cortados em 0,5 ponto porcentual em janeiro e 0,5 ponto em março. Apesar da alteração, o economista disse que as modificações não chegaram a provocar mudança na previsão de juros para o fim do ano. ?Continuamos achando que os juros fecharão 2006 em 16%?, disse.

Ele acredita que a perspectiva do mercado com relação aos juros melhorou porque os analistas absorveram, com algum atraso, a intenção de parte do governo de elevar a meta do superávit primário (economia de recursos públicos para pagamento de juros sobre a dívida) de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para 5% do PIB. O superávit maior, segundo Bogdanski, traria uma melhora das expectativas para o comportamento da inflação no próximo ano. ?Com isso, a queda dos juros poderia ser um pouco maior?, disse.

A pesquisa do BC detectou também que, para novembro, as apostas dos agentes de mercado são de um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros. Assim, a Selic cairia dos atuais 19% para 18,5%. As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiram de 5,31% para 5,33%, distanciando-se do objetivo de 5,1% perseguido pelo BC em 2005. Pesou no aumento da inflação a elevação dos preços administrados.

As estimativas para o crescimento do PIB neste ano caíram de 3,31% para 3,30%. A projeção do governo é de um crescimento de 3,4%. As previsões de aumento da produção industrial neste ano, por sua vez, recuaram de 4,26% para 4,17%. 

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