O Banco Central deve acelerar o corte da taxa básica de juros na reunião marcada para iniciar nesta terça-feira, 10. Apesar de o Palácio do Planalto torcer para que a tesourada na Selic seja de 0,75 ponto porcentual, os diretores do BC devem optar por um corte menor, de 0,5 ponto porcentual – o que levaria a Selic a 13,25% ao ano – seguindo a expectativa da maioria dos economistas do mercado financeiro.

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Nos dois últimos encontros do Copom, em novembro e outubro, a instituição promoveu reduções de 0,25 ponto porcentual da taxa básica. Para a ala política, o BC teria demorado a reduzir os juros mesmo diante do agravamento da recessão. Quando os cortes foram feitos, não foram na intensidade desejada pelo Planalto. Setores do mercado também criticaram a excessiva “cautela”. A visão é de que, com os preços mais controlados e a crise econômica no País, já haveria espaço para cortes em uma velocidade maior.

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Desde novembro, o BC vem sinalizando em suas comunicações que tende, de fato, a promover cortes maiores a partir deste mês. Entre os economistas do mercado financeiro, a dúvida é se a instituição vai anunciar amanhã uma redução de 0,50 ponto porcentual da Selic ou se, por conta da grave crise econômica, fixará uma taxa 0,75 ponto mais baixa.

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Na semana passada, instituições como Itaú Unibanco e Banco Fibra mudaram suas projeções para o encontro do Copom, de baixa de 0,50 para redução de 0,75 ponto porcentual. Levantamento feito pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, com 71 casas mostra que 65 esperam por redução de meio ponto, cinco por corte de 0,75 e uma por queda de apenas 0,25 ponto porcentual. No Relatório Focus, divulgado ontem, as projeções também apontam para um corte de meio ponto.

“O corte de 0,50 ponto da Selic será uma consequência direta da própria comunicação do BC e do fato de que ainda não há projeções (de mercado) apontando mais claramente a inflação no centro da meta em 2017”, comentou o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados.

A meta de inflação perseguida pelo BC neste ano é de 4,5%, mas há margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice até 6%). No Focus, a expectativa é de que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termine 2017 em 4,81% – portanto, dentro da margem, mas acima da meta.

Ao mesmo tempo, a redução da Selic não será, por si só, um fator de reativação da economia brasileira. Hoje, a MCM projeta um crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, sendo que algumas instituições já trabalham com a possibilidade de nova recessão este ano. “É a combinação de muitos fatores que nos levará a um novo ciclo de crescimento. Mas, obviamente, a contribuição da queda de juros é relevante”, defende Schneider.

Inflação

Na quarta-feira, 11, antes de o Copom anunciar o novo patamar da Selic, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a inflação oficial de 2016, medida pelo IPCA.

A meta de inflação perseguida pelo BC no ano passado foi de 4,5%, sendo que havia uma margem de tolerância de 2 pontos. As projeções mais recentes dão conta de que o IPCA ficará abaixo dos 6,5% em 2016.

O problema é que, caso a inflação supere os 6,5%, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, será obrigado a encaminhar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, detalhando as causas do descumprimento, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites e o prazo no qual se espera que surta efeito das providências. No ano passado, o então presidente do BC, Alexandre Tombini, precisou encaminhar a carta ao ministro Nelson Barbosa para justificar a inflação de quase 11%. Como não existe prazo para que a carta de Goldfajn seja publicada, o BC tende a enviá-la mais à frente, para evitar especulação do mercado na quarta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.