O Banco Central deve realizar em janeiro seu oitavo corte consecutivo dos juros, mas a maioria dos analistas acredita que o ritmo do afrouxo monetário será mais espaçado e menor este ano. Das 20 instituições financeiras ouvidas esta semana, 15 prevêem que o Comitê de Política Monetária (Copom) cortará a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 16%, em sua reunião de 20 e 21 de janeiro.
Quatro analistas apostam em um corte um pouco maior, de 0,75 ponto percentual, e um acha que a redução será a mesma feita em dezembro, de 1 ponto.
As recentes quedas do risco-país e do dólar e a economia ainda fraca devem levar o BC a cortar os juros, mas a maioria dos economistas disse que a redução será menor este mês depois de o Copom ter dito que o afrouxo monetário feito em 2003 ainda não foi absorvido completamente pelos preços e a atividade.
“O BC já deixou claro que precisa monitorar os efeitos da política monetária feita até agora”, disse Adauto Lima, economista do Banco WestLB do Brasil.
“E (0,5 ponto) não é tão conservador, porque você está partindo de juros mais baixos. Um corte de 2 pontos quando você tem uma taxa a 20 (por cento) é uma coisa, mas com 16,5% é outra coisa.”
Os juros no Brasil chegaram a 26,5% em fevereiro do ano passado, ficando neste patamar até junho, quando o BC começou a afrouxar a política monetária.
A aceleração da inflação vista em dezembro e prevista para janeiro devido a fatores temporários também deve contribuir para um corte menor, segundo os analistas. Nesses dois meses, a inflação está sendo pressionada por maiores custos de educação, alimentos e cigarros.