Mercado passa longe da crise Argentina

São Paulo (AG) – O dólar comercial fechou ontem cotado a R$ 2,881 na compra e R$ 2,883 na venda, perto da máxima do dia, em alta de 0,24%. O dia foi de negócios reduzidos, por conta da expectativa com definições no cenário interno e externo. O salto do IGP-DI de 0,80% para 1,08% em fevereiro pressionou juros e ações, acabando por influenciar o câmbio. A baixa de 0,25% do C-Bond no final da tarde também pesou no dólar. O risco-país subia 1,91% às 17h, aos 532 pontos-base. A Bovespa fechou em queda de 1,29%, em 22.673 pontos.

O acordo da Argentina para o pagamento da dívida de US$ 3,1 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) teve pequeno impacto nos negócios. Descolado da Argentina, o mercado nacional acompanhou de perto as notícias sobre as negociações com o Fundo, mas não chegou a esboçar preocupação mais forte.

A proximidade do vencimento de uma dívida pública de US$ 850 milhões também não teve impacto significativo nos negócios. Interessava aos credores desse dinheiro pressionar o dólar para aumentar seus rendimentos. O fluxo cambial positivo anulou essa pressão no período da manhã, quando ocorre o maior volume de negócios. Na mínima do dia, a cotação de venda chegou a R$ 2,866 (-0,35%).

– O dia foi fraquíssimo, o que favoreceu uma leve instabilidade da cotação. A movimentação dos mercados de juros, ações e títulos depois da divulgação do IGP-DI acabou levando as tesourarias bancárias a zerar posições. Mas não houve nervosismo no câmbio -disse um gerente de mesa de um banco nacional.

Os juros negociados no mercado futuro fecharam em alta generalizada, em reação à aceleração da inflação. Além do IGP-DI, o IPC-S também mostrou aceleração. A taxa ficou em 0,38%, ante o 0,26% da prévia anterior. A aceleração dos reajustes reduz as esperanças em um corte dos juros básicos da economia no curto prazo. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para decidir o destino da taxa Selic, hoje de 16,50% ao ano.

As apostas na manutenção da taxa ganham força com os índices divulgados ontem (IGP-DI e IPC-S). Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o juro projetado para março fechou em 16,20% ao ano, contra 16,14% do fechamento de anteontem. O Depósito Interfinanceiro (DI) de julho passou de 15,81% para 15,87%. Já o vencimento de janeiro, o mais negociado, terminou o dia com taxa de 15,49%, ante os 15,33% anteriores.

Rolagem da dívida

O Banco Central anunciou no final da tarde de ontem que não vai rolar uma dívida cambial de US$ 1,314 bilhão, que vence no próximo dia 18, confirmando as expectativas do mercado. É a sexta vez neste ano que o BC decide realizar o resgate integral de uma dívida atrelada ao câmbio.

O objetivo do governo de não realizar a rolagem dos títulos é melhorar o perfil do endividamento público, reduzindo a fatia da dívida que é corrigida pelo câmbio.

Em tese, o resgate total da dívida tende a pressionar a cotação, pois a menor oferta desses papéis pode ser compensada pela maior compra de divisas no mercado por investidores que buscam proteção cambial. Mas o fluxo positivo de recursos tem amortecido essa demanda extra.

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