O mercado, afirma a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, não tem ideologia. Ele apenas enxerga uma economia que precisa de ajustes. “E quem disser que fará tais ajustes ganha sua simpatia”, diz Zeina. “Se a presidente Dilma Rousseff for reeleita e disser que fará um programa econômico à la primeiro mandato de Lula, o mercado vai comemorar e apoiar.”

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Em seu primeiro mandato, Lula colocou o médico Antonio Palocci para comandar o Ministério da Fazenda e trouxe um banqueiro, o ex-presidente do Bank of Boston Henrique Meirelles, para presidir o Banco Central. Juntos, sob o comando de Lula, os dois fizeram os ajustes necessários à economia naquele momento, em 2003, e levaram a economia ao crescimento.

Segundo Zeina, o mercado reagiu com serenidade à primeira pesquisa Datafolha após a morte de Eduardo Campos, na qual a ex-senadora Marina Silva (PSB) tem chances de impedir a reeleição da presidente Dilma num segundo turno. “Que há necessidade de fazer ajustes na economia, é uma coisa óbvia que nem Dilma nega”, observa a economista.

Para ela, o fato de a ex-senadora aparecer na frente do candidato tucano à Presidência, Aécio Neves (PSDB), não incomoda o mercado porque Marina conta com o apoio de economistas liberais como André Lara Resende e Eduardo Giannetti da Fonseca. “Não quero dizer com isso que a fatura está liquidada”, ressalva. “Há muitas perguntas ainda para serem respondidas. Por exemplo, como um eventual governo de Marina Silva lidaria com as questões ambientais?”

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De acordo com Zeina, além de como pretende lidar com as questões que envolvem o meio ambiente, Marina e seus assessores terão que responder também como vê a necessidade de ajustes na economia e sobre qual é a agenda de seu governo para as reformas e quais são suas prioridades.

Zeina lembra que em 2010 a candidatura da ex-senadora se formava sobre dois pilares: meio ambiente e ética na política. “Mas hoje não se sabe o que ela pensa. No entanto, pelos discursos de Campos e de Giannetti, num eventual governo de Marina Silva será reforçado o corte de gastos – e aí o mercado gosta.”

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Mas a verdade, segundo Zeina, é que, por enquanto, a eleição está muito aberta. “Não se sabe ainda quem vai para o segundo turno. Mudou tudo. Antes não tínhamos muitas variáveis e quando olhávamos para algumas era para saber os impactos que exerceriam sobre Dilma e Aécio. Agora temos mais um elemento.”