Mercado não espera que Copom reduza os juros

O mercado financeiro espera que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mantenha a taxa básica de juros (Selic) em 16,5% ao ano em fevereiro. No mês passado, o Copom surpreendeu o mercado ao não mexer na Selic, depois de sete quedas seguidas. Pesquisa semanal feita pelo BC junto a cerca de cem instituições financeiras indica que a média das expectativas é de que, em março, a taxa de juros tenha uma pequena redução de 0,25 ponto percentual, passando para 16,25% ao ano.

A média das expectativas indica ainda que a Selic deve encerrar o ano de 2004 no patamar de 13,80%. Na pesquisa anterior, o mercado previa uma taxa de juros mais baixa para o fim deste ano, de 13,63%.

O mercado manteve a previsão de alta de 6,02% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2004. Para 2005, a medida das expectativas também se manteve estável, em 5%.

Para o mês de fevereiro, a expectativa média é de que o IPCA suba 0,71%, contra 0,70% da semana anterior. Para março, os analistas de mercado prevêem que a inflação deve ficar em 0,43%, contra 0,41% da estimativa anterior.

O mercado baixou de 0,53% para 0,5% a previsão de alta do IGP-M em fevereiro. Para março, a previsão para o IGP-M foi mantida em 0,4%. O IPC da Fipe deve subir 0,45% este mês e 0,4% no mês que vem, segundo o mercado.

Estagnação

Se os analistas estiverem certos e o Copom não reduzir os juros este mês, a geração de empregos vai ser adiada. Para Mário Bernardini, diretor do Departamento de Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a atual taxa de juro prejudica a atividade econômica, limita a criação de vagas e faz a inadimplência disparar.

“Se os juros forem mantidos, a economia permanece no mesmo caminho e não haverá o espetáculo prometido do crescimento. A taxa nos atuais níveis prejudica a atividade econômica e a criação do emprego, que mais uma vez é empurrado para a frente”, afirmou Bernardini.

Para Bernardini, não há motivo para manter a Selic em 16,5% ao ano. O economista disse que a alta da inflação em janeiro, conforme apontou a ata do Copom na reunião passada, foi meramente sazonal, por conta, entre outras coisas, do aumento das mensalidades escolares e da mudança de clima, que prejudicou as plantações. Ele culpou o próprio governo, que tem contratos que garantem a elevação de preços, de ajudar na aceleração da inflação. Bernardini disse que no ano passado a indústria aumentou as exportações em 22%, mas apresentou alta de apenas 0,5% na produção física.

Para Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a inflação de janeiro é sazonal e não atinge o núcleo. Para ele, a inflação já estará convergida para a meta a partir de abril. Ele disse que o emprego depende muito dos investimentos da indústria, que precisa de juros menores para crescer e abrir novas vagas. Segundo Pina, o empresariado no Brasil está correndo riscos desnecessários, que poderiam ser evitados com uma política gradual de juros.

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