Brasília – Depois de lançar o Programa Nacional de Florestas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com bom humor e ironia às especulações do mercado sobre possíveis mudança na política econômica. Enquanto distribuía castanhas às pessoas que acompanhavam a cerimônia no Palácio do Planalto, Lula disse que não estava nervoso com a movimentação no mercado.
“Está nervoso o mercado? Eu não estou, estou calmo”, disse Lula sorrindo. Antes da cerimônia, Lula se reuniu com os ministros Antônio Palocci (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento), e José Dirceu (Casa Civil) no Palácio da Alvorada. O encontro foi marcado para discutir cortes no orçamento e fazer uma avaliação do comportamento do mercado, mas segundo o Palácio do Planalto, Lula não fará nenhum pronunciamento sobre o assunto e convidou Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, para participar da reunião ministerial de hoje.
Nesta reunião, Meirelles terá um papel de destaque. Ele vai falar para os ministros, sobre a economia brasileira, logo depois de Lula, numa clara demonstração do presidente de que Meirelles está firme no cargo.
Mas o mercado age com cautela como se o clima fosse de incerteza e cautela e este foi o motivo que levou o dólar comercial a fechar ontem em alta de 0,45%, cotado a R$ 2,930 na compra e R$ 2,932 na venda. A quinta-feira foi de poucas notícias, mas o ambiente especulativo da véspera não foi totalmente dissipado. Os juros dos títulos americanos voltaram a subir e prejudicaram o desempenho dos papéis da dívida brasileira.
O mercado já amanheceu mal-humorado, ainda repercutindo o estresse causado pelos boatos sobre a permanência de Henrique Meirelles à frente do Banco Central. A especulação teria tido origem em um banco de investimentos americano e se espalhou rapidamente, causando estragos principalmente no mercado de ações.
Ainda assim, persistem as especulações sobre as diferenças de discurso entre integrantes da equipe econômica e ministerial. O principal temor dos investidores é de que se forme um ambiente de constantes boatos, que freqüentemente geram alta volatilidade nos mercados. Para não contribuir com a pressão sobre o dólar, o Banco Central voltou a se ausentar, deixando de adquirir recursos no mercado à vista. O mercado está tenso outra vez, mas a taxa do dólar ainda está barata. Apesar de o BC negar que esteja balizando as cotações, já está claro que R$ 2,90 é o piso do dólar.