As condições atuais do mercado são favoráveis para uma captação na moeda brasileira pelo governo e emissores corporativos sem risco. O apetite por risco melhorou de modo geral, a volatilidade da moeda brasileira diminuiu e há uma direção para a taxa de juro brasileira, afirmou uma fonte de um banco estrangeiro que já coordenou mais de uma captação externa para o Tesouro em reais. “Os investidores estão mais confortáveis agora”, disse.
Além disso, conforme acrescenta uma outra fonte, o fluxo de investimento para os fundos de bônus em moedas locais tem subido constantemente, o que também sinaliza que as condições para as emissões em reais são mais adequadas hoje do que no segundo semestre do ano passado. Mesmo assim, pondera, esse mercado está aberto aos emissores que já o testaram antes e que têm grau de investimento.
O governo brasileiro voltou a sinalizar que está próximo de colocar no mercado externo uma emissão de bônus em reais, corroborando informações que circulam no mercado de que tal operação acontecerá até o final do mês. Em entrevista concedida na semana passada, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou que uma captação externa na moeda brasileira deverá ocorrer nas próximas semanas.
Desde o começo do ano o governo brasileiro estuda esse mercado e esta não é a primeira vez que declara a intenção de emplacar emissão externa na moeda brasileira. Segundo antecipou a Agência Estado a partir de Londres e Brasília, o montante da operação seria de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões e o vencimento em 10 anos, para criar uma referência de preço de bônus em reais nesse prazo para emissões na moeda de empresas brasileiras. Mas a operação ainda não teria saído porque o governo não vinha conseguindo apurar demanda para bônus em reais, um mercado de pouca liquidez e risco cambial ao investidor.
No segmento corporativo, a emissão em reais mais recente foi a da Brasil Telecom, em 8 de setembro do ano passado, quando a empresa captou R$ 1,1 bilhão. Apesar do sucesso da operação, que atraiu demanda de R$ 2,1 bilhões, os bônus da empresa entraram em espiral de baixa pouco depois da colocação, por conta, na ocasião, do agravamento da crise grega/europeia e à subsequente volatilidade nas moedas emergentes. Atualmente, os papéis da companhia que foram emitidos a 99,516% do valor de face, e chegaram a ser negociados a 91%, saem a 100,50% no mercado secundário.
Em 2011, o total de emissões feitas por companhias brasileiras em reais foi de R$ 3,3 bilhões, superando o R$ 1,250 bilhão de 2010. Em 2005, as empresas captaram R$ 2,760 bilhões no exterior e em 2004, quando foram feitas as primeiras emissões em reais, levantaram R$ 1,035 bilhão na moeda brasileira.
Já o governo fez sua última captação em reais em outubro de 2010, quando reabriu uma emissão com vencimento em 2028, colocando mais R$ 1,1 bilhão desses papéis. Esse bônus foi originalmente emitido em fevereiro de 2007, com o lançamento de R$ 1,1 bilhão desses papéis. No mesmo ano, o Tesouro reabriu essa emissão três vezes.
O governo brasileiro possui outros dois bonds em reais, com vencimento em 2016, lançado em setembro de 2005, quando emitiu R$ 3,4 bilhões. Em setembro de 2009, o Tesouro emitiu R$ 1,6 bilhão em bônus com vencimento em 2022 e reabriu a emissão duas vezes, em outubro e dezembro de 2006.