A maioria dos analistas financeiros aposta na queda da taxa de juro (Selic) somente a partir de agosto, apesar da redução nas expectativas de inflação para este ano e da deflação registrada por alguns indicadores de preços, inclusive pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE). Para julho, há um consenso de que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central irá manter o juro da economia em 19,75%. O comitê se reúne nos dias 19 e 20 deste mês.

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Na avaliação de Gustavo Alcântara, da Mercatto Gestões, o juro deve começar a cair somente em agosto. Ele afirma, porém, que ?o mercado vai criar uma pequena expectativa de queda? para este mês, em razão dos últimos indicadores de preços.

O IPCA, que serve de parâmetros para as metas de inflação do governo, registrou deflação de 0,02% em junho, maior queda de preços apontada pelo índice em dois anos. O IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), da FGV, registrou deflação de 0,44% no mês passado e, na primeira prévia de julho, apresentou queda média de 0,09% nos preços. O IGP-M é muito utilizado no reajuste de tarifas públicas e aluguéis.

Além disso, o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, apontou redução nas expectativas de inflação para este ano pela oitava semana consecutiva. As previsões para o IPCA passaram de 5,94% para 5,72%, ficando mais próximas da meta ajustada do governo – de 5,1%.

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Flávio Serrano, da Ágora Senior, também acha que o Copom teria justificativas para baixar o juro agora, mas, mesmo assim, diz acreditar que o comitê não mexerá na taxa antes de agosto.

Na avaliação de Angelo Larozi, da Souza Barros, a pressão do preço do petróleo ainda vai pesar na decisão do Copom e, portanto, o juro não deve cair antes do próximo mês. ?Na verdade o mercado está trabalhando com a expectativa de queda da taxa, mas ninguém quer dar um palpite errado?, diz.

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Gilberto Pereira, da corretora Liquidez, avalia que o Banco Central tem sido conservador e não deverá agir diferente na reunião deste mês. Por isso, ele não espera alteração na Selic.

Já Júlio César Vogeler, da corretora Didier Levy, espera um conservadorismo do BC pelo menos até setembro, por conta da crise política. ?Acho até que daria para cortar os juros em agosto, mas o Banco Central precisa esperar um pouco mais para ver se a questão política se resolve e não atinge outros integrantes do governo?, afirma.