Terminada a primeira fase das eleições, o mercado e a comunidade financeira internacional deverão pressionar mais para que os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) expliquem melhor os seus programas econômicos. A preocupação é especialmente maior com a oposição, disse à Agência Estado Fábio Giambiagi, especialista em contas públicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Giambiagi disse que o programa de Serra parece ser o menos confuso. ?No segundo turno da campanha, os investidores vão exigir maiores definições da oposição, que até aqui mostrou um programa ambíguo?, afirmou o economista. Ele acredita que, agora, com apenas dois candidatos, a tendência é que as discussões sobre os programas econômicos de cada um se aprofundem ainda mais. ?Acho que vai ser um processo saudável? disse.
Giambiagi lembrou, no entanto, que, diante das cobranças do mercado e dos investidores, o PT terá de provar como pretende levar adiante seus programas sociais depois de ter assumido compromissos de austeridade fiscal. ?Pergunto de onde virão os recursos para as promessas sociais que o partido vem fazendo, se o candidato Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a cumprir com as metas do Fundo Monetário Internacional?, disse Giambiagi.
A mesma preocupação vem sendo transmitida pelos maiores investidores diretos no Brasil nos últimos três anos: as companhias espanholas. ?A recuperação da confiança dos investidores, prejudicada nos últimos meses pela incerteza política e o contágio da Argentina, além da concentração de pagamentos de sua dívida, depende como serão enfrentados esses desafios?, informa hoje (7) o jornal econômico espanhol ?Cinco Dias? na sua página internacional. Entre 1998 e 2001, as companhias espanholas investiram cerca de US$ 50 bilhões no Brasil.
Equipe Econômica – De acordo com o Ricardo Baumann, diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) no Brasil, os olhares estarão agora direcionados à confirmação da nova equipe econômica no próximo governo. ?Quando os nomes da equipe forem conhecidos, o componente de incertezas desaparecerá?, disse Baumann ao ?Cinco Dias?. Para o jornal espanhol, um dos mais importantes do país na área econômica e financeira, ?a indicação da nova equipe que conduzira a economia brasileira condicionará o termômetro do mercado?.
Para o jornal, ?a instabilidade continuará a ameaçar os mercados brasileiros, seja qual for o resultado das eleições, já que as dúvidas persistem sobre a viabilidade das propostas econômicas e os rumos que tomará o próximo governo. ?Para isso, se faz necessário indicar a nova equipe econômica.?