Mercado espera queda da gasolina. Álcool já baixou

A Petrobras pode anunciar ainda hoje nova queda no preço da gasolina e do óleo diesel. Conforme informações que circularam ontem no setor de combustíveis, tecnicamente há espaço para reduções de até 17% na gasolina e 7,5% no óleo diesel. A justificativa são os recuos do dólar e do preço do petróleo no mercado internacional. “Vai depender da vontade do governo e da Petrobras. Talvez queiram segurar por mais uma semana”, disse uma fonte do setor. Se for aplicado o percentual de 17%, o custo da gasolina na bomba poderia chegar a R$ 1,70 em Curitiba. Por outro lado, os proprietários de carros a álcool já podem comemorar. Em Curitiba, o litro já é vendido por R$ 0,99.

De acordo com a pesquisa semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo), nos últimos 30 dias o preço médio do álcool caiu 10,1% nos postos da capital, passando de R$ 1,267 para R$ 1,138 o litro. Nesse período, o preço mínimo teve queda de 13,8% (de R$ 1,16 para R$ 0,99), enquanto o mais alto diminuiu 10,1% (de R$ 1,58 para R$ 1,42). Mesmo com a redução, ontem ainda havia diferença de 30% no preço do álcool cobrado pelos postos da cidade. O combustível era encontrado por até R$ 1,29.

O recuo no preço do álcool se deve à entrada da safra de cana de açúcar no Paraná, informa o superintendente da Alcopar (Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná), Adriano Dias. “Estamos em plena safra. Sempre que começa a safra, as usinas pressionam o mercado ao mesmo tempo, porque tem necessidades financeiras após a entressafra. Isso provoca um movimento baixista”, argumenta. Desde fevereiro, quando o presidente Lula acertou com o setor sucro-alcooleiro o valor máximo de R$ 0,90 para venda do álcool hidratado, o preço nas usinas já caiu mais de 30%. Agora o litro está cotado a R$ 0,60.

Nas distribuidoras, o preço de venda do álcool caiu 10,8% nos últimos trinta dias, de R$ 1,084 para R$ 0,966. Ontem, já era vendido por R$ 0,93. O menor valor de comercialização para os postos recuou 19,9%, de R$ 0,748 para R$ 0,599. No decorrer da safra, aponta Dias, a tendência é de estabilidade nos preços. Porém nos postos, o preço pode cair. “O desconto dado pela indústria agora chega ao consumidor. Espero que caia mais”, diz.

Safra de cana

Atendendo pedido do presidente da República, as usinas paranaenses anteciparam a produção de 87 milhões de litros de álcool até o dia primeiro de maio, mês em que historicamente começa a colheita da cana. As primeiras plantas do Paraná começaram a produção em 17 de março. No País, a meta é ampliar o volume de álcool em 1,5 bilhão de litros nesse ano, para atender a demanda interna com segurança e formar estoque estratégico.

A safra 2003 renderá 1,1 bilhão de litros de álcool no Paraná, conforme projeção da Alcopar. Isso significa um aumento de 12,5% sobre o total do ano passado (977 milhões de litros). A área plantada de cana de açúcar no Estado, segundo maior produtor nacional, atrás de São Paulo, foi de 333 mil hectares. A estimativa é expandir em 9,2% a colheita da cana, de 23,8 milhões para 26 milhões de toneladas. Cerca de 30% da plantação já foi colhida. Como as usinas estão priorizando a produção de álcool, para evitar o risco de desabastecimento, a produção de açúcar terá um crescimento menor, ao redor de 6% – estimado em 1,57 milhão de toneladas, contra 1,46 milhão de toneladas no ano passado.

Análises confirmam adulteração

A Usina de Química Piloto da Universidade Federal do Paraná entregou ontem à Promotoria de Investigação Criminal (PIC) os primeiros laudos com os resultados das amostras de combustíveis colhidas na semana passada na operação conjunta envolvendo Ministério Público, Receita Estadual e Agência Nacional do Petróleo. Dos 16 postos onde foi feita a coleta, foi concluída a análise de oito. Destes, cinco confirmaram a adulteração da gasolina (com adição de álcool superior ao limite permitido de 25%): postos Hipódromo (no bairro Tarumã, com 57% de álcool adicionado à gasolina), AND (na Vila Hauer, com 53%), RDM (no Portão, com 49%), DNA (no Centro, com 28%) e PP Auto LTDA (na Vila Lindóia, com 27%).

No posto Trynyty, no Boqueirão, não se confirmou adulteração, mas o estabelecimento havia sido autuado por violação de bandeira (venda de combustível diversa da bandeira anunciada). Não foi constatada adulteração nos postos 4 D e Três Garotos.

Os proprietários dos postos onde a irregularidade foi confirmada pelos laudos responderão a ação penal por adulteração. Os exames da UFPR também serão encaminhados à ANP, que vai verificar a questão administrativa para determinar ou não o fechamento dos postos ou a aplicação de multas administrativas que podem variar de R$ 5 mil a R$ 3 milhões.

O presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese, considerou bastante válida a operação de fiscalização. “Chamamos a atenção do único órgão que podemos contar: o Ministério Público”, declarou. Na opinião dele, o impacto da ação conjunta não será apenas momentâneo. “Nenhuma fiscalização a partir de agora vai ousar fazer qualquer tipo de sacanagem porque o MP vai estar ligado”, comentou.

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