A reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para hoje e amanhã, irá dar o tom da semana no mercado financeiro. É o que pensa o economista e professor universitário Reinaldo Cafeo. Para ele, os acontecimentos externos poderiam ter papel fundamental no desempenho dos negócios ao longo desta semana não fosse a reunião do Copom e as eleições.

São Paulo ( das agências) – “Qualquer notícia sobre sucessão presidencial é capaz de alterar o humor do mercado. Agora especulam uma possível vitória de Lula em primeiro turno, ou seja, quando não há fato, plantam um”, resume Cafeo.

Sobre o Copom, especula-se que a taxa de juros poderia ser reduzida em até meio ponto percentual – dos atuais 18% ao ano para 17,5% ao ano. “Justificativas existem”, diz o economista e cita: “inflação sem pressão, pois a maior parte dos aumentos causados pela cotação do dólar já influenciaram os preços internos, o baixo nível de atividade, além da sinalização de viés de baixa já na última reunião”.

A decisão do Copom sobre os juros sempre ocorre no segundo dia da reunião.

O que é a taxa Selic?

A taxa Selic é o juro médio dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Os juros fixados na reunião do Copom, também chamados de básicos, são a meta para a Selic, a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar a meta para a taxa Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias.

Bancos projetam inflação maior

Brasília

(AE) – O levantamento semanal feito pelo Banco Central (BC) com 100 instituições financeiras e empresas de consultoria e divulgado ontem apontou uma piora das expectativas de mercado em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2002 e 2003 às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a ser iniciada na tarde de hoje. As projeções de IPCA para este ano saltaram de 6,51% para 6,60% e as estimativas para 2003 avançaram de 5% para 5,20% ficando mais distante do centro da meta de 4% para o próximo exercício. A preocupação maior do BC, no momento, é com a inflação de 2003 e não mais com a do corrente ano.

Os dados da pesquisa do BC revelaram, no setor externo, mais uma rodada de revisão para baixo das estimativas de investimento direto para 2002 e 2003. Os números representativos de uma média das expectativas colhidas ao longo da semana passada referentes a este ano recuaram de US$ 16,50 bilhões para US$ 16,20 bilhões, ficando, com isso, abaixo da projeção do BC de US$ 16,50 bilhões. As estimativas para 2003 caíram e foram de US$ 17 bilhões para US$ 16 bilhões, também inferior aos US$ 17 bilhões projetados pelo BC.

As projeções para o déficit em conta corrente de 2002 caíram, ao mesmo tempo, de US$ 18 bilhões para US$ 17,3 bilhões, ainda um pouco acima da estimativa oficial de US$ 17,034 bilhões. As estimativas para o ano que vem sofreram uma redução maior e caíram dos US$ 17 bilhões da pesquisa anterior para US$ 15,9 bilhões. O número, apesar disso, ainda é superior aos US$ 15,401 bilhões estimados pelo BC. As projeções de superávit da balança comercial neste ano ficaram estáveis em US$ 7 bilhões e as projeções para 2003 subiram de US$ 8,07 bilhões para US$ 8,8 bilhões, aproximando-se mais dos US$ 9 bilhões estimados pelo BC.

As estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 foram reduzidas, na mesma pesquisa, de 1,49% para 1,43%, enquanto as projeções para 2003 permaneceram inalteradas em 3%. As projeções para a taxa de câmbio ao fim deste ano aumentaram de R$ 2,80 para R$ 2,86 ao mesmo tempo em que as estimativas para o fim do próximo ano ficaram estáveis em R$ 3 00.

A mediana das expectativas para a taxa de juros no fim de 2002 e de 2003 também apresentaram estabilidade e permaneceram em 17% e 15%, respectivamente. O mercado também manteve a estimativa de superávit primário para o setor público em 2002 nos mesmos 3,75% do PIB do levantamento anterior, apesar do anúncio do governo de elevação da meta para 3,88% do PIB.

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