Brasília (AE) – A terceira semana seguida de turbulência econômica alterou para pior o humor das 100 instituições financeiras e empresas de consultoria em relação aos principais indicadores da economia para 2002.
De acordo com a pesquisa semanal feita pelo Banco Central, na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 18,5%, por temer que a crise tenha um efeito inflacionário, as projeções de mercado para o IPCA em 2002 aumentaram de 5,46% para 5,50%, o que corresponde ao teto máximo da meta estabelecida pelo governo.
Para 2003, primeiro ano do futuro governo, as projeções em relação aos indicadores permaneceram em sua maioria estáveis. As estimativas para variação do IPCA no ano que vem continuam em 4% na média das respostas enviadas ao Banco Central. Para junho de 2002, as projeções aumentaram de 0,41% para 0,45%, enquanto as de julho subiram de 0,78% para 0,80%.
Juros
Mesmo com a manutenção da taxa de juros pelo quarto mês consecutivo, o mercado aposta que o governo vai reduzir os juros até dezembro. As estimativas do mercado para a taxa Selic no fim de 2002 ficaram estáveis em 17% ao ano e para o fim de 2003 também ficaram inalteradas, em 15% ao ano.
As projeções do superávit da balança comercial em 2002 caíram de US$ 4,27 bilhões para US$ 4,20 bilhões. As estimativas de superávit comercial para 2003 ficaram estáveis no mesmo levantamento em US$ 5 bilhões. Para o mercado, os investimentos diretos estrangeiros em 2002 recuarão de US$ 17,58 bilhões para US$ 17,50 bilhões, mas em 2003, entretanto, devem ficar estáveis em US$ 18 bilhões.
Por outro lado, as instituições ouvidas pelo Banco Central não alteraram o crescimento da economia em 2002 e 2003, cujas projeções ficaram estáveis em 2,20% e 3,5%, respectivamente. O mesmo ocorreu em relação ao déficit em conta corrente em 2002 e 2003, que permaneceu em US$ 20,5 bilhões e US$ 20 bilhões, respectivamente.
O mercado começou a dar sinais que começou a assimilar com cautela o anúncio de aumento do superávit primário do setor público, feito há duas semanas pelo governo. As projeções para 2003 subiram para 3,30% do PIB, mas as para 2002, por enquanto, ficaram estáveis em 3,50% do PIB.
O recente aumento da cotação do dólar também alterou as estimativas para a taxa de câmbio no fim de 2002, que aumentou de R$ 2,50 para R$ 2,52. Para 2003, na mesma pesquisa, subiram de R$ 2,62 para R$ 2,65.