A alta de 0,6 ponto o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), da Fundação Getulio Vargas (FGV), na passagem de novembro para dezembro, alcançando 103,6 pontos, “solidifica” a ideia de que o mercado de trabalho “está muito ruim”, segundo Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). O nível de 103,6 pontos é o maior da série histórica do ICD, iniciada em 2005.
“A piora no ICD é o que as pessoas estão sentindo na pele. É o que o consumidor está vendo acontecer”, disse Barbosa Filho.
O ICD é construído a partir dos dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, de perguntas da Sondagem do Consumidor que procura captar a percepção sobre a situação presente do mercado de trabalho.
Por outro lado, a queda de 3,1 pontos no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) em dezembro ante novembro, para 90,0 pontos, era esperada, segundo Barbosa Filho. Esse movimento está associado a uma “volta à realidade” nos indicadores de confiança.
Segundo o pesquisador da FGV, assim como os demais índices de confiança, os indicadores antecedentes do mercado de trabalho experimentaram uma alta, mostrando que “a situação estava ruim, mas o futuro poderia ser bom”. Só que esse futuro melhor não chegou logo.
“A tendência é o futuro melhorar agora”, disse Barbosa Filho, ressaltando que a queda na taxa de juros (a Selic, que está em 13,75% e será ajustada novamente hoje) será determinante para isso. Os pesquisadores da FGV ainda estão projetando alta da taxa de desemprego, mas com um perfil melhor do mercado de trabalho. Para Barbosa Filho, a tendência é a população ocupada aumentar, mas a taxa de desocupação seguirá subindo porque mais pessoas passarão a procurar trabalho.