Que o mercado compra no boato para realizar no fato não é nenhuma novidade. Mas a reação limitada nos negócios de juros na manhã de quarta, depois da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro pelo IBGE, chamou a atenção dos analistas. Principalmente porque a inflação ficou abaixo até mesmo das estimativas mais otimistas.

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Segundo o AE Projeções da Agência Estado, as expectativas para o IPCA iam de 0,19% a 0,29%, com mediana de 0,25%. O resultado divulgado pelo IBGE, contudo, ficou abaixo do piso das projeções em 0,18%. Apesar disso, o impacto do indicador nos negócios com juros futuros foi praticamente nulo. Os DIs (depósitos interfinanceiros), que são contratos futuros de juros, ficaram praticamente estáveis no pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Essa quase indiferença contrastou com os negócios do dia anterior, quando os DIs caíram expressivamente, com giro há tempos não visto nesse segmento de negócios.

O movimento foi inicialmente atribuído à intervenção do Banco Central no mercado de dólar, único fato novo no pregão de terça-feira. Mas o fato é que, no final do dia e na primeira meia hora de pregão eletrônico da BM&F, já circulava amplamente entre as mesas de operadores o comentário de que o IPCA, o último indicador de peso a ser divulgado antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, viria perto do piso das estimativas, abaixo de 0,20%.

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"O mercado já havia se posicionado em relação ao número na terça-feira)", afirmou um operador. "Foi muito estranho, a sensação é de que todos estavam sabendo antes", comentou outro analista. A reação aparentemente ilógica do mercado alimentou teses sobre possíveis vazamentos de notícias. Procurado para falar sobre o assunto, o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, agendou para hoje à tarde uma entrevista coletiva.

Em Brasília, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu com veemência, os boatos. "O mercado é movido por apostas, boatos e interpretações", disse o ministro. "O IBGE é uma instituição idônea, que produz, com qualidade, informações sobre indicadores econômicos." Para ele, os boatos são resultados de apostas equivocadas.

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