Após operar em alta durante a maior parte do dia, o dólar inverteu a mão no fim dos negócios e fechou, ontem, em baixa de 0,14%, a R$ 3,525, emendando sua quinta queda consecutiva e acumulando nesse período desvalorização de 7,72%. Segundo operadores, a reversão foi provocada pela percepção de que a alta da manhã havia sido exagerada e pelo fechamento do acordo entre o PT e o PMDB para disputar a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, o que deve melhorar a governabilidade. Além disso, o baixo volume de negócios, que dá mais peso à cada operação, e a melhora do risco Brasil, que da alta passou a uma queda de 0,58%, operando a 1.711 pontos, ajudaram a sustentar a queda.
Alta técnica
A queda nos quatro últimos dias fez com que muitos investidores aproveitassem para comprar a moeda mais barata, o que fez o dólar subir durante a maior parte do dia, até perderem a força. ??Toda vez que o dólar tende a ficar próximo a R$ 3,50, os importadores voltam para o mercado entram comprando. E isso tende a continuar acontecendo por algum tempo??, afirmou Miriam Tavares, diretora da corretora AGK.
Também declarações de membros do PT contra a oferta pública de ações do Banco do Brasil, iniciada ontem, trouxeram certa preocupação ao mercado de que o partido, ao assumir o governo em janeiro, não coloque em prática o discurso que tem praticado, alinhado com a atual política econômica.
Analistas destacaram ainda como ponto de pressão a preocupação com os vencimentos de dívidas de empresas, com destaque para a Eletropaulo, a Klabin e a Globopar. Até o fim do ano, as empresas brasileiras, ainda com dificuldade de encontrar financiamento, terão US$ 5,968 bilhões entre dívidas e juros a saldar ou rolar no exterior.