O menor dinamismo na produção industrial continua pesando sobre o emprego no setor produtivo, afirmou nesta sexta-feira, 22, o pesquisador Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro, o nível de pessoal ocupado recuou 7,2% ante igual mês de 2014, a 50ª queda seguida neste tipo de confronto.
“O aprofundamento do quadro negativo no mercado de trabalho industrial é reflexo da produção industrial”, disse Lobo. “O quadro é diferente de 2009, quando o Brasil internamente estava bem estruturado e conseguiu se recuperar rapidamente. Agora, não só o mercado externo não se recuperou de forma consistente como o cenário doméstico é mais adverso.”
O pesquisador do IBGE citou o aumento dos juros, a redução na confiança, a elevação no desemprego, a perda na renda e a inflação em dois dígitos como fatores que contribuem para reduzir a demanda dos consumidores e, consequentemente, afetar a percepção dos empresários.
O setor de meios de transporte, cuja redução de pessoal foi de 14,1% em novembro ante igual mês de 2014, é o mais afetado pela conjuntura. É nele que estão as atividades de veículos e outros equipamentos de transporte. “Nesse resultado, sobressaem os veículos. Automóveis e caminhões são os dois carros-chefes das demissões, puxando para baixo tanto o emprego quanto o salário”, disse Lobo.
Ao mesmo tempo em que demite, a indústria também tem reduzido o número de horas pagas aos seus funcionários, sinal de que a situação ainda não se estabilizou. O indicador de horas é considerado um antecedente: quando sobe de maneira consistente, pode indicar abertura de vagas, mas sua queda pode preceder dispensas.
“A sequência de resultados negativos (no número de horas pagas) permite dizer que o mercado de trabalho continua se ajustando”, afirmou o pesquisador do IBGE.