A membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), Sabine Lautenschlaeger, sinalizou neste sábado que irá se opor à proposta de compra de títulos soberanos de países da zona do euro pelo banco, a menos que haja uma clara ameaça de queda persistente dos preços ao consumidor. Seus comentários, de um texto preparado para conferência em Berlin, contradiz a mensagem recente do presidente do BCE, Mario Draghi, e de seu vice-presidente, Vitor Constâncio, sobre a urgência de trazer os preços para cima.

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“Em minha opinião, uma avaliação dos custos e benefícios, das oportunidades e dos riscos de um amplo programa de compra dos bônus do governo não nos dá um resultado positivo no momento”, segundo Lautenschlaeger.

Os bancos centrais dos Estados Unidos, Reino Unido e do Japão utilizaram-se desta política, conhecida como flexibilização quantitativa, para reduzir as taxas de juro de longo prazo e aumentar os empréstimos e o consumo. Constâncio indicou na quarta-feira que o BCE deve acompanhar tais bancos centrais no início do ano que vem, se ficar evidente que os programas atuais de estímulo – que incluem empréstimos a taxas mais baixas para os bancos e compras dos bônus lastreados em ativos – forem insuficientes para elevar os ativos do balanço do BCE aos níveis do começo de 2012. Isso implica em um aumento de cerca de 1 trilhão de euros (US$ 1,24 trilhão).

“Durante o primeiro trimestre do ano que vem, teremos uma melhor avaliação” se os ativos terão subido como o esperado, afirmou Constâncio. “Se não, teremos de considerar a compra de outros ativos, incluindo bônus soberanos no mercado secundário, o maior e mais líquido mercado, acrescentou.

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Mas Lautenschlaeger demonstrou não estar pronta para tomar tal atitude. “Na zona do euro, as taxas dos bônus de longo prazo da Espanha e da Itália, por exemplo, já estão abaixo dos níveis dos Estados Unidos e do Reino Unido”, observou. “É portanto questionável se deveríamos pressionar as taxas de juro ainda mais para baixo dessa classe de ativo”, acrescentou.

Lautenschlaeger ressaltou ainda que a zona do euro depende mais dos bancos do que do mercado de capitais para financiar o setor privado, outro fator que, de acordo com ela, minimiza os efeitos da flexibilização quantitativa. “Além disso, medidas que são óbvias em outros países podem ser a última opção para nós – e se houver ameaça de deflação e somente se uma análise dos custos e benefícios for positiva”, afirmou ainda. Segundo ela, no momento “há mais perguntas do que respostas”.

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Os comentários da membro do conselho do BCE ilustra o desafio que Draghi enfrentará se decidir dar prosseguimento ao plano de implementar a compra de títulos soberanos europeus. Outro alemão do conselho de 24 membros do BCE, o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, também expressou sua oposição ao programa.