A combinação da percepção de melhora na demanda com a perspectiva de redução de incertezas em meio à mudança de governo permitiu que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subisse mais uma vez em maio, afirmou nesta segunda-feira, 23, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. A prévia deste mês indica alta de 1,3 ponto, para 78,8 pontos, o terceiro avanço consecutivo.
Por outro lado, dificilmente o índice atingirá a neutralidade (100,0 pontos) ainda este ano, sinal de que a situação da indústria ainda exige cautela, notou Campelo. “Não acho que a confiança vá subir tanto”, disse.
A melhora do indicador em maio, puxada pelas avaliações sobre a situação atual, sinaliza ao menos duas coisas, apontou Campelo. Em primeiro lugar, é possível que a fase mais aguda de quedas na produção industrial já tenha passado. “Os estoques estão melhorando há algum tempo, e a demanda também subiu”, disse.
Em segundo lugar, há a questão subjetiva, ligada à mudança de governo. “Talvez haja percepção de redução de incerteza, uma perspectiva de sair daquela paralisia para um governo que ao menos conseguiria agir e sinalizar algo lá na frente”, explicou o superintendente.
A melhora ligada ao cenário político, contudo, é menos marcante do que foi na época do impeachment de Fernando Collor, em 1992, afirmou Campelo. Naquele período, a euforia entre os empresários industriais foi maior, tendo sido corrigida para baixo diante da percepção de que as dificuldades na economia persistiam, apontou o superintendente.
Os dados finais da Sondagem da Indústria de maio serão divulgados na próxima terça, 31.