O chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Lemos, disse nesta segunda-feira, 30, que o déficit primário do setor público consolidado de R$ 13,491 bilhões em junho foi o melhor resultado para o mês desde 2016, devido ao aumento da arrecadação e à redução de gastos no mês passado. “Na comparação com junho do ano passado, houve alta e 2% nas receitas e retração de 1,1% nas despesas”, apontou. Em junho do ano passado, o déficit primário do setor público foi de R$ 19,552 bilhões. Nos primeiros seis meses deste ano, o déficit do setor público foi de R$ 14,424 bilhões, ante um rombo de R$ 35,183 bilhões no primeiro semestre do ano passado.

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“Cabe destacar o superávit do governo federal de R$ 62,446 bilhões no primeiro semestre, ante um saldo positivo de R$ 28,502 bilhões no mesmo período de 2017”, afirmou.

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Lemos destacou ainda que houve uma retração no superávit dos governos regionais no primeiro semestre para R$ 13,214 bilhões, mas avaliou que esse desempenho está em linha com a meta deste ano para Estados e municípios.

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O economista do BC evitou comentar como o rombo primário de R$ 14,424 bilhões no primeiro semestre alcançará a meta de déficit do setor público de R$ 161,3 bilhões deste ano. “Cabe ao Tesouro Nacional comentar a execução fiscal”, limitou-se a responder.

Juros

Lemos disse que a alta no pagamento de juros pelo setor público consolidado em junho foi impactada pelo resultado do BC com swaps cambiais. No mês passado, a conta de juros chegou a R$ 44,450 bilhões, ante R$ 31,511 bilhões em junho de 2017.

“A alta do pagamento de juros em junho está ligada a perdas de US$ 7,1 bi com swaps”, afirmou. “A alta do IPCA de 1,26% em junho também impactou a conta de juros, mas espera-se a reversão desse efeito já em julho”, completou.

Lemos explicou ainda que o próprio aumento do estoque da dívida também impactou o montante de juros pagos no mês passado. “Por outro lado, houve redução da Selic em relação a junho de 2017. Cerca de 30% da dívida é baseada em IPCA e outros indicadores, e os outros 70% baseados na Selic”, acrescentou.

Para o economista do BC, a alta da conta de juros em junho não deve alterar a trajetória declinante dessa despesa. Essa conta em 12 meses chegou a 5,94% do PIB em junho, ante 5,77% em maio. Em dezembro do ano passado, estava em 6,11% do PIB.

Segundo ele, o resultado de swap está positivo em julho e deve contrabalançar perdas recentes. “Essa estatística ainda carrega a Selic mais alta de 2017, a inflação de junho impactada pela greve dos caminhoneiros e a perda de swaps em meses recentes. Quando esses fatores começarem a se dissipar, a conta de juros voltará para uma trajetória de redução”, completou.

Dívida

Lemos apresentou a elasticidade da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) ante o PIB em relação às variáveis que interferem em seu resultado. No caso do câmbio, cada 1% de variação tem impacto imediato de 0,16 ponto porcentual (p.p.) em sentido oposto, o que equivale a R$ 10,4 bilhões.

No caso da Selic, cada 1 p.p. de alteração mantida por 12 meses tem reflexo de 0,4 p.p. na DLSP/PIB no mesmo sentido, o que representa R$ 26,9 bilhões em valores correntes.

Já cada alta ou baixa da inflação (basicamente IPCA) de 1 p.p. mantido por 12 meses tem impacto de 0,15 p.p. no mesmo sentido na DLSP/PIB, ou R$ 10,1 bilhões em valores nominais.