O crescimento de 0,8% nas vendas do varejo restrito indica melhora parcial, após a queda de 2,6% em dezembro, na opinião do economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada. Na comparação com o primeiro mês de 2014, houve aumento de 0,6%.
Os dados, segundo ele, também ajudam a atenuar o comportamento desfavorável das vendas do varejo ampliado, que subiu 0,6% na margem, mas cedeu 4,9% no confronto com janeiro do ano passado. “Claro que em janeiro tem o efeito das liquidações. Nas demais categorias, as altas apenas vêm após resultados negativos”, argumentou.
“Já esperávamos que viria em alta. As vendas em supermercados (0,3%) recuperaram toda a perda anterior (de queda de 0,2% em dezembro). Isso é um dos balizados da alta do restrito. Não nos surpreende”, avaliou ao Broadcast o economista, que previa expansão de 0,10% para o varejo restrito mensal.
A despeito de considerar que as vendas em supermercados podem continuar beneficiando o comércio, Baggi sinalizou que o movimento não pode ser visto como amplamente positivo. Isso porque ele explicou que comportamento indica um deslocamento de demanda dos gastos com alimentação fora do domicílio para o setor, neste momento de inflação elevada. “Já é um reflexo de alta dos preços das perspectivas de piora da renda das famílias”, avaliou.
O economista da Tendências disse não esperar melhora nas vendas do varejo como um todo. Segundo ele, os fundamentos continuam desfavoráveis, com desaquecimento do emprego, incertezas em relação ao real impacto do reajuste fiscal sobre a economia, reflexos da descompressão de preços. “Há muita dúvida das pessoas se irão conseguir segurar seus empregos, ou não”, disse.
A expectativa de Baggi é que as vendas do varejo restrito fechem 2015 com queda de 0,7% (ante alta original de 2,2% em 2014), enquanto as do ampliado (que contam ainda com vendas do setor automotivo e da construção) terminem o ano com queda de 1,5%, após queda original informada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1,7%.
