Melhor investimento foi a bolsa; o dólar, o pior

São Paulo (AG) – Quem aplicou em ações em 2004 pegou carona no crescimento da economia e fez o melhor investimento do ano, com boas chances de repetir a performance em 2005. Já quem apostou no dólar fez o pior negócio do período, enquanto os investidores mais conservadores conseguiram apenas se defender das perdas geradas pela inflação.

Os fundos de ações da Vale do Rio Doce e Petrobras formados com recursos do FGTS lideraram o ranking das aplicações do ano, com rentabilidade de 34,56% e 30,46%, respectivamente (até dia 23 de dezembro). A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) bateu recordes e teve como destaque no ano o ingresso de novas empresas ao mercado.

O Índice Bovespa fechou o ano com recorde histórico de pontos, contabilizando alta acumulada de 17,81%. A rentabilidade do índice não foi maior devido ao fraco desempenho de ações dos setores de telecomunicações e energia elétrica. Segundo estudo da empresa Economática, as ações de telecomunicações tiveram queda de 5,7% e foram as únicas a apresentar rentabilidade negativa no ano.

"O setor de telecom tem um peso no Índice Bovespa muito expressivo (31,8% do índice), e o fato de não ter tido um bom desempenho tem um impacto direto sobre o desempenho do Ibovespa, não permitindo que o índice tenha uma rentabilidade mais atrativa no ano", diz Einar Rivero, da Economática.

Em geral, os grupos de ações terminam o ano com rendimento bem acima da inflação do IGP-M, que terminou 2004 em 12,41%. Na análise por índices específicos da Bovespa, o maior ganho ficou com o Índice de Governança Corporativa, com alta de 37,9%. Ele é composto por empresas que seguem regras diferenciadas de gestão, mais rígidas que as exigidas por lei. No Novo Mercado, último degrau desse segmento, cinco novas empresas ingressaram na bolsa este ano.

A vedete desse grupo foi a ação da Natura. O papel estreou na bolsa em 26 de maio, ao preço inicial de R$ 36,50. Terminou o ano a R$ 77,50, com alta de 112,33%. Gol PN, que estreou em 24 de junho, subiu 59%.

Segundo Nami Neneas, superintendente de renda variável do Banif Investment Banking, os setores de commodities, siderurgia, mineração e petroquímica foram destaques em 2004 e devem continuar a ser promissores em 2005. Ele afirma que os setores que mais cresceram foram os ligados ao crescimento da economia brasileira e aos exportadores, principalmente de commodities para a China, como no caso do aço. Para 2005, a aposta é o consumo interno.

"É preciso estar atento ao cenário interno, com avanços importantes, como a votação da Lei de Falências e a aprovação das Parcerias Público-Privadas (PPPs). São questões que irão fortalecer as empresas e garantir maior rentabilidade às ações", disse o analista.

Dólar

O cenário internacional teve forte influência na queda de 8,55% do dólar em 2004. A moeda americana passou por um processo mundial de desvalorização, tendo perdas recordes frente ao euro, iene e libra. Essa tendência foi acompanhada de perto no Brasil, onde a moeda está no menor preço desde meados de 2002.

Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), os fundos referenciados em dólar tiveram perda média de 4,05% no ano, até o dia 24. Aqueles que acompanham o euro subiram 1,34%. No ano, R$ 1,7 bilhão em recursos deixaram os fundos cambiais.

O Tesouro Nacional e o Banco Central retomaram as compras de dólares no mercado para pagar dívidas externas e recompor reservas. Em um primeiro momento, as cotações responderam com alta, mas logo retornaram à trajetória anterior. O governo já comprou US$ 4 bilhões em dois meses, mas a cotação continuou a cair. Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, as atuações da instituição têm apenas o objetivo de recompor as reservas do País, e não de conter a queda livre do dólar.

Juros

A retomada da alta dos juros no País foi uma das marcas do ano. A taxa Selic começou 2004 em 16,50% e terminou em 17,75% ao ano. Com isso, os fundos de renda fixa, que acompanham a trajetória dos juros, tiveram rendimento de 15,61% no ano. Os fundos de renda fixa (juros prefixados) subiram um pouco menos: 15,19%. Ambos ficaram acima da inflação, mas não garantiram rendimento significativo no período.

Pior mesmo foi a tradicional caderneta de poupança, que rendeu apenas 7,30% no ano. Quem depositou suas economias na poupança não ganhou nada e ainda perdeu em relação à inflação do IGP-M. Ou seja, quem aplicou em poupança sequer acompanhou os reajustes de preços ocorridos durante o ano. A poupança rende a Taxa Referencial (TR), mais juros de 6% ao ano.

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