O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, voltou a destacar em seu discurso a rapidez da autoridade monetária no diagnóstico e na tomada de ações no combate aos efeitos da crise sobre a liquidez do sistema financeiro doméstico.
Meirelles afirmou que “muitas pessoas esquecem da rápida ação que foi tomada”, lembrando que, assim que foi anunciada a quebra do Lehman Brothers, nos EUA, o Banco Central anunciou, de Nova York, que começaria a emprestar reservas.
“Felizmente, nós tínhamos reservas, e pudemos reagir, diferentemente de outros países”, afirmou Meirelles, em discurso realizado no 8º Seminário de Economia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
Meirelles lembrou que, quando os bancos internacionais passaram a restringir crédito, em meio a uma crise sistêmica séria e importante, o Brasil tinha recursos de reservas e de compulsórios, o sistema financeiro nacional tinha um colchão de capital e o setor público, uma situação financeira adequada.
Meirelles destacou que o total da demanda por dólares, no auge da crise, que o BC se propunha a atender somava US$ 80 bilhões, mas foram efetivamente emprestados apenas US$ 24 bilhões, sendo US$ 14,5 bilhões de venda de dólares no mercado à vista.
“Foi uma ação rápida”, disse. “Muitas pessoas, na época, pediam ações precipitadas ou ansiosas. Mas era importante que tomássemos ações que fossem na direção necessária. Era preciso dimensionar o problema”, afirmou.
A ação adequada do BC, segundo Meirelles, teve efeito multiplicador no mercado e reequilibrou as condições econômicas. Com isso, observou, a oferta de crédito doméstica foi retomada – Meirelles lembrou que em setembro de 2009, a média diária de concessão de crédito somou R$ 7,3 bilhões, acima da média observada entre janeiro e setembro de 2008, de R$ 7,1 bilhões.
Também as reservas internacionais voltaram a crescer. E o nível de emprego no Brasil já é melhor do que o período pré-crise. Meirelles chamou a atenção para o fato de terem sido criados, desde a crise, 1 milhão de empregos formais.
Ainda que parte deles sejam de qualidade baixa – em função do avanço do emprego na área de construção civil, devido a estímulos governamentais – o quadro de emprego no Brasil “é um dos melhores, senão o melhor, do mundo.”