Meirelles não vai segurar o dólar

São Paulo

– O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, seguindo o mesmo princípio adotado na gestão anterior do banco, afirmou que eventuais intervenções no mercado de câmbio só ocorrerão pontualmente para evitar problemas de liquidez. “O Banco Central não trabalha com uma meta de câmbio. Sua única meta é a de inflação”, afirmou. A queda consistente das cotações do dólar criaram especulações sobre a possibilidade de o BC intervir no mercado a fim de evitar uma redução drástica do dólar, que poderia prejudicar, por exemplo, a balança comercial.

Anteontem, Emílio Garófalo Filho, ex-diretor da Área Externa do BC, aconselhou o banco a evitar os movimentos bruscos do câmbio. “Quero crer que o BC desta vez não vai deixar o dólar derreter”, afirmou Garófalo. O presidente do BC também considerou importante a aprovação da PEC 53, que regulamenta o artigo 192 da Constituição. “Mais importante do que abrir espaço para a lei de responsabilidade monetária (em que está prevista, por exemplo a autonomia do BC), essa votação foi uma demonstração de força do governo Lula e de coerência das oposições”, disse Meirelles, na cerimônia de posse da nova diretoria do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finança (Ibef).

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, também mandou um recado ao meio empresarial e financeiro, avisando que o governo não trabalha com a hipótese de intervir no mercado de câmbio, comprando dólares, como começam a sugerir alguns setores, diante da possibilidade de a moeda norte-americana cair abaixo dos R$ 3,00. “Quero ser muito claro sobre isso. O governo não intervirá no mercado de câmbio. Repito, o governo não intervirá no mercado de câmbio”, afirmou o ministro, ao deixar a reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária, na capital baiana.

O mesmo discurso foi repetido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele descartou a intervenção do governo para evitar a queda acentuada do dólar. “O governo não vai segurar”, afirmou o presidente, em discurso na solenidade de inauguração da terceira linha de produção de alumina (matéria-prima do alumínio) da Alunorte, nos arredores de Belém. Além do presidente, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também fizeram questão de dizer que o governo não mexerá no câmbio. O presidente acrescentou: “O câmbio é flutuante e o dólar vai cair até quando tiver que cair. Não cabe a nós do governo dizer ?não, vai parar em dois, três?. Ele (o dólar) ele vai cair enquanto tiver que cair.” Lula assegurou ainda que o governo vai manter o câmbio flutuante.

Taxa ideal entre R$ 2,90 e R$ 3,10

São Paulo

– A queda do dólar não assusta o trader e especialista em comércio exterior Joseph Tutundjian. Para ele, o Banco Central (BC) não precisa, e não deve, intervir no mercado cambial. “Não tenho uma visão intervencionista para dar uma certa estabilidade no câmbio. Se os indicadores macroeconômicos do Brasil e o comportamento político para fazer as reformas forem perseguidos, a faixa de cotação do dólar será equilibrada e não trará a necessidade de o BC intervir”, disse.

O especialista disse ser a favor de uma curva do dólar mais próxima aos R$ 3,00, como citou recentemente o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, do que em torno de R$ 3,20, conforme declarou o ministro do Planejamento, Guido Mantega. “A cotação da moeda de R$ 2,90 a R$ 3,10 seria ótima para o exportador”, afirmou. Segundo ele, mais importante do que o nível do câmbio, é uma perspectiva de flutuação dentro de limites, mas sem imposição de bandas. “Para o exportador, o mais importante é a expectativa do mercado de que o câmbio não terá flutuações violentas” avaliou.

Tutundjian disse também que o recuo do dólar não prejudicará as contas externas e nem o saldo da balança comercial que chegará ao fiml do ano, segundo prevê, em US$ 17 bilhões. “Seria US$ 20 bilhões, não fosse a guerra.”

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